Ao longo de todos esses anos tive o prazer de ter um monte de skatistas colaborando no time aqui da agência e embora ainda exista quem acredite que skatista é tudo um bando de vagabundo e maconheiro, resolvi montar uma lista com 10 motivos porque eu sempre gostei de ter skatistas por perto aqui na Dabba.
Esse texto é dedicado ao Matheus Stuque, Guilherme Guimarães, Arthur Bortolin, Yuri Oshiro, João Prendin, Lucas Murched, Marcos di Giaimo, Fernão Barbosa, Esteban Florio, Grazi Oliveira, Ruggero Fiandanese, Fernando Martins e Felipe Ribeiro entre outros skatistas talentosos que trabalham comigo hoje ou que já passaram por aqui e que posso ter me esquecido mas que também moram no meu coração. 😉
- Criatividade
O skate é sem dúvida alguma o esporte mais criativo que existe. Além da infinidade de manobras criadas e suas infinitas combinações existe também as variáveis do estilo, ou expressão individual de cada skatista e dos diferentes cenários e obstáculos nos quais o skatista interage pela cidade.
Mais importante, o skate faz parte de toda uma cultura que orbita em torno do esporte e que envolve expressões artísticas como as artes plásticas, o design, a música, a fotografia, o cinema, a arquitetura e a moda e inúmeras tendências que se popularizaram ou que ainda irão se popularizar nascem antes no skate.
Não por acaso, diversos skatistas acabam se desenvolvendo em diferentes campos criativos além do skate como arte, música, cinema e fotografia. Pharrell, Tyler the Creator, Ben Harper, Devendra Banhart, Mark Gonzales, Marcelo D2 (foto), Spike Jonze, Harmony Korine, Jason Lee, Tommy Guerrero, Virgil Abloh e Shepard Fairey são só alguns exemplos.
- Visão além do alcance
Parece papo de super-herói mas é fato que skatistas enxergam além.
Nos anos 1970, viram na forte seca que assolou a Califórnia uma oportunidade de dar um uso muito mais criativo e divertido para as piscinas vazias. Nos anos 1980 resolveram explorar as infinitas possibilidades que as ruas podiam oferecer e passaram a ressignificar espaços.
Hidrantes deixaram de ser usados apenas por bombeiros, bancos de praça deixaram de ser utilizados somente por idosos ou casais apaixonados e corrimões encontraram uma vocação muito mais nobre do que apenas servir de apoio para corpos cansados.
- Não ter medo de errar (e aprender com os erros)
Skatistas sabem como ninguém que a prática leva a perfeição.
Ninguém nasce sabendo e muitas vezes é preciso muito suor e dedicação e para conseguir acertar aquela manobra dos sonhos.
Porém, mais importante do que não ter medo de errar é a capacidade de aprender com os erros e entender que eles fazem parte do processo. Encontrar a velocidade ideal, o posicionamento dos pés e do corpo correto, acertar o ângulo ideal para se aproximar do obstáculo e a força que você vai colocar na batida são só algumas das variáveis do processo de aprendizagem de uma manobra.
- Resiliência
Se resiliência é a arte de superar obstáculos e lidar com adversidades de forma positiva então essa palavra é praticamente a definição de um skatista.
Esse vídeo do Jaws e sua épica batalha para vencer a lendária escadaria de 25 degraus de Lyon na França que acabou rendendo a ele uma merecida capa da Thrasher (bíblia do skate) representa bem o que é ser resiliente na prática.
- Formado nas ruas
Longe de querer desmerecer aqui qualquer tipo de formação acadêmica mas a real é que a Universidade das Ruas é uma das melhores escolas que existe e essa vivência no asfalto agrega muito na bagagem de qualquer profissional.
Skatistas tem uma perspectiva muito maior da vida porque eles não enxergam o mundo por trás das telas ou das grades de um condomínio.
Eles vivem na rua e consequentemente conhecem a cidade e entendem de gente como ninguém, passam o dia interagindo com a arquitetura urbana e com todo tipo de gente possível, do morador de rua doidão ao Faria Limer do mercado financeiro, do trombadinha de celular ao segurança do banco, do casal de velhinhos aposentados às Travestis do Centro. Salve a rua!
- Fazer muito com pouco
A cultura do skate está intrinsecamente ligada com a subcultura do punk e o ethos do DIY (faça-você-mesmo).

foto Allan Carvalho
Mesmo enfrentando adversidades e escassez de recursos skatistas constroem seus próprios picos e obstáculos, produzem seus próprios eventos, criam suas próprias marcas, produzem seus filmes, aprendem a fotografar, fazer música ou arte.
Se você tem um orçamento apertado para determinado projeto, delegue a execução para um skatista e você verá os milagres que ele é capaz de fazer.
- Romper com regras e padrões
Se você precisa de alguém inquieto para a sua equipe, disposto a romper com todas as regras e padrões pré-estabelecidos e consequentemente trazer soluções inovadoras para a sua empresa, contrate um skatista.
Ignorar o status quo e buscar novas soluções para velhos problemas faz parte do dia a dia de quem anda e vive o skate.
- Senso de comunidade
Apesar de ser um esporte individual e skatistas eventualmente competirem um contra o outro em campeonatos você nunca vai ver um skatista torcendo para o outro cair e errar a sua linha em um campeonato para se dar bem, por exemplo.
Skatistas tem um forte senso de comunidade que não é comum de se ver em outros esportes e isso faz com que eles trabalhem muito bem em equipe e celebrem as conquistas do coletivo e do próximo e não somente suas conquistas individuais.

foto Thiago da Luz
- Autodidatismo
Skate se aprende andando, não existe outra maneira.
Ok, hoje até existem algumas escolinhas de skate mas a real é que 99,99% dos skatistas aprendem a andar sozinhos, caindo e levantando, observando os amigos, assistindo a vídeos e tomando muita pancada de skate na canela. O Autodidatismo é inerente ao comportamento de qualquer skatista e depois que se aprende sozinho a dar um 360 Flip ou um Nollie Hardflip nenhum desafio parece impossível.
- Neuroplasticidade
Para finalizar, o termo pode soar meio cabeçudo mas skatistas estão sempre desafiando seu cérebro a pensar diferente, evoluir e se adaptar aos diferentes desafios e contextos que o skate proporciona, como explica o Neurocientista e professor da Universidade de Stanford Andrew Huberman (que a propósito cresceu andando de skate – viu como skatista não é tudo vagabundo?) nesse vídeo abaixo recém-lançado pela sempre esperta Jenkem Mag.
Tiago Moraes de Almeida, skatista desde quando era proibido e um dos fundadores da Agacê, trabalha hoje com comunicação de marcas na Dabba.ag. Essa é a sua estreia aqui no blog da CemporcentoSKATE. Ou reestreia, já que Tiago é parceiro de longa data.