A história serve para nos ensinar e também para ser respeitada. Saber quem fez antes e quando isso aconteceu. Os pioneiros, os visionários, os fora de série. Danny Way é membro honorário de qualquer um desses grupos, não resta dúvida.
No começo dos anos 1990, com a “morte do vert” e o início do protagonismo do skate de rua, muitos skatistas das grandes transições tentaram a sorte no street, com a intenção de se manterem relevantes no cenário e no mercado. O próprio Tony Hawk fez isso, o que dá uma boa dimensão do tamanho da encrenca. Mas talvez ninguém do vert tenha feito essa “transição” com tanta propriedade quanto Danny Way. Não que isso cause muito espanto, afinal estamos falando de um alienígena, capaz de realizar quase tudo que a mente pode sonhar.
Se as gerações mais novas têm uma lembrança do Danny Way mais relacionada à megarrampa, a minha geração dificilmente esquecerá dos seus feitos no street. Seria exagero dizer que ele conseguiu transferir a anormalidade do seu cardápio no vert para o skate de rua, mas chegou perto disso. Conquistou protagonismo e deixou uma marca, que merece ser lembrada.
Como exemplo do estrago realizado, destaco a sua parte no vídeo “Questionable”, da Plan B, lançado em 1992. Ali pela metade da parte, quando termina o Big Drill Car e começa o Bad Religion, o segmento de street esquenta pra valer, num ataque severo e bastante diversificado. Corrimão, borda, solo, escada, gap. O jeito que ele dá o backside ollie 360, sem mexer o pé da frente, é muito legal… e incomum! Ver o cara que pulou a Muralha da China andando numa guiazinha de 10 centímetros é, no mínimo, curioso. Gosto muito do switch varial flip pulando uma escadinha, na linha! Outra escada, um pouco maior, foi pulada de backside double flip, já ao som de Pennywise, terceira música da parte. E ainda teve o nosebluntslide saindo de shovit 270 e um corrimão gigantesco com dois trancos. Não à toa, fechou o vídeo.
Lembre-se: quase trinta anos atrás.
Vida longa ao mestre!

Danny Way preparando um switch varial flip, 1992.