DESAFIANDO A LEMBRANÇA

Escrevo esse texto na quinta feira (10/dez), ainda sob a influência dos dias intensos gravando o Desafio de Rua, que terminou na terça-feira.

Previsto pra maio, a pandemia tornou tudo incerto e a realização tornou-se um desafio dentro do Desafio. O fim do ano chegava, e num determinado momento percebemos que a realização seria possível, colocando sempre o cuidado com a saúde dos participantes acima de qualquer outra coisa.

Muitos skatistas fizeram isso nesse período de ruas pouco recomendadas, e nós não fomos diferentes: também construímos nosso pico no quintal. As confirmações das marcas participantes foram se sucedendo, e com elas os nomes dos participantes. Nesse ano, meninas e paraskatistas na lista.

Testes de Covid-19, três vans, no mínimo dois picos por dia, hotel, café da manhã, videomakers, almoço, jantar, fotógrafos, previsão do tempo, liberação de picos…uma equação cheia de variáveis, que a cada dia estava na mesa pra ser solucionada.

Enfim na sexta feira dia 04 os participantes chegariam. Pela primeira vez na vida, vi um evento de skate em que os skatistas entravam na ambulância antes de manobrar. Mais novo (a)normal que isso, impossível. Testados e aprovados, estavam definitivamente prontos pro Desafio de Rua 2020.

E quem eram eles? Com exceção de Marcelo Formiga, todos os outros participantes estavam pela primeira vez no Desafio. Trouxeram com sua juventude um apetite por skate típico de suas idades, e projetaram o que o Desafio será nos próximos anos.

Mas é nossa responsabilidade, obrigação até, cuidar da história do skate com o mesmo empenho que trabalhamos pelo seu futuro. Então, recebemos, com os limites que a situação impunha, algumas das lendas dos Desafios passados no sábado a tarde. O novo pico tornou-se oficialmente público numa transmissão ao vivo e pelos pés de skatistas pelos quais o skate brasileiro (e a CemporcentoSKATE) tem profunda gratidão. Enquanto a borda sofria feliz, eu trocava uma ideia com Klaus Bohms, Vitoria Bortolo, Formiga e TX. Poderia estar lá até agora falando com eles.

Tudo o que aconteceu será visto em breve, em vídeos no YouTube, fotos e histórias. Nosso próximo desafio é contar para o maior número de pessoas, de maneira fiel, tudo que vivemos nesses quatro dias. Levar pra mais gente os sentimentos que tivemos nesses dias, a alegria de ver o skate forte, potente, manobrado por jovens que sabiam da importância de estarem onde estavam, mas que usaram isso o tempo todo como motivação, não como pressão. Afinal, o Desafio de Rua sempre foi sobre registrar e premiar o skate da maneira mais próxima da forma com que ele é praticado no dia a dia.

Deixo aqui minha gratidão pros skatistas, pro staff da CemporcentoSKATE, pro pessoal da produção, videomakers e fotógrafos convidados, motoristas, fisioterapeutas, enfermeiros, pras empresas e marcas que acreditam no potencial do skate no país e pra cada um que nos envia energia positiva em cada comentário, seja real ou digital. É cedo pra um #tbt, mas esse já é um texto cheio de boas lembranças. Mal posso esperar pra começar a assistir e entender melhor tudo que aconteceu.