Eu sei, estamos todos inquietos, inseguros, tristes. Queremos sair na rua, andar de skate, abrir nossas lojas, produzir e vender, voltar ao nosso trabalho, pagar nossas contas.
Óbvio, ninguém tem dinheiro sobrando. Na cultura econômica de um país eternamente “em desenvolvimento” vive-se um ciclo interminável de vender o almoço pra pagar o jantar. O mercado do skate, então…esse é eterno grupo de risco, com todas a comorbidades possíveis. Vivemos isso sempre, em nosso emprego, nos clientes, fornecedores, famílias. Mas essa inatividade completa, causada pelo Covid-19, sequer completou um mês. Considero pouco tempo pra decisão sobre qualquer coisa. E com grande chance de errar, tomando-a com uma cabeça pouco preparada pra discernir corretamente sobre o que aconteceu, entender o que está acontecendo, e imaginar o que acontecerá.
O retrato do desespero sem sentido, pra mim, é gente dizendo que “nossa, vou ter que aprender a andar de skate de novo”, “desaprendi a remar”. Peraí…ninguém nunca se machucou sério aqui? A ponto de ficar três, seis meses, um ano sem poder andar de skate? E tendo que contar com uma recuperação de um pé virado pra trás, de um osso que rasgou a pele, de um ligamento que passou a não ligar mais nada? Sem drama nesse ponto, por favor. Essa será uma volta pra sessões muito mais tranquila. Será, porque por enquanto é pra ficar em casa. Não faz nem um mês.
Então, se pra você isso for possível, mantenha um mínimo de calma. Seja racional e grande o suficiente pra olhar pro lado e ver que tem muita gente com muito mais motivos pra estar desesperado do que você. Talvez você está até na privilegiada condição de oferecer ajuda. Reforço o “se possível”, do começo da frase.
Nada é pra sempre, nem o bom, nem o ruim. A única constante é a mudança. Aproveite o tempo, planeje, aprenda, evolua. Cuide-se, cuide de quem precisa. E vamos em frente. O skate já nos ensinou que aqueles que desistiram nos primeiro tombos deixaram de viver uma vida que seria muito melhor.