Muita gente (eu incluso) critica a falta de seriedade na questão do isolamento social no Brasil. Pouca gente levou realmente a sério, e talvez por isso nossa 40tena seja a mais longa e menos efetiva do mundo. O Coronavírus segue por aí, vivão e vivendo.
Mas tem um isolamento bem sério e muito fiscalizado pelas autoridades: o do skate no Museu do Ipiranga.
Na entrada do Parque, três procedimentos, dois deles muito positivos: tomada de temperatura e álcool gel. O terceiro é barrar a entrada de skates. A placa diz que as atividades permitidas são apenas corrida e caminhada.
Lá dentro, a realidade é outra: futebol na grama, cachorro solto, gente sem máscara, bicicleta, patinetes, carrinho de rolimã, queimação de erva, namoro na moita. Tá tudo liberado. O que eu acho bom, já que defendo que o cidadão deve ter, na mesma proporção, liberdade e responsabilidade. Não precisa de regra pra tudo.
Mas…tem. A coisa de normatizar, legislar, aprovar, assinar, decreto lei número tal, de tal data, tá lá:
É algo do tipo “se você pudesse andar de skate na ladeira, teria que usar capacete.” (pena que aqui não tem aquele meu emoji preferido, o do carinha com a mão na testa, pra colocar no fim da frase.) Destaque para o isolamento (outro) da ladeira, com grades e faixa de uma bizarrice sem tamanho. Se não deixam passar de skate na portaria, qual o motivo pra fazer isso?
Já disse que pode tudo, mesmo, né?
Depois de andar e não andar de skate no Museu do Ipiranga por mais de 30 anos, assumo minha preguiça e confesso minha falta de paciência pra conversar com quem quer que seja sobre o tema. Em 1991 eu estava lá, argumentando e discutindo por considerar um absurdo proibir skate. Dá pra imaginar o que penso em 2020. Sei que tem gente melhor que eu pra negociar com os responsáveis. Enquanto isso, como diz o Fabio Cristiano, sobra só o restante do universo pra gente andar de skate.
(atualização em 22/out – o museu foi, enfim, liberado pro skate em outubro/2020. A história segue)