E O METAL EXTREMO ENCONTRA O SKATE

Eu não gosto de dizer que sou músico. Acho que “ser músico” é ser alguém que estuda música, suas teorias, faz faculdade, conservatórios… Eu apenas sei tocar uns instrumentos e sou viciado em fazer música.

E como viciado, na quarentena eu tenho tentado ver o maior número de coisas relacionadas à musicas e estilos musicais que eu gosto. Um exemplo é que está passando, via Telecine, o filme do Mayhem chamado “Senhores do Caos“.

Esse mesmo fato de eu ser curioso nas coisas que gosto me faz pesquisar muita música, descobrir coisas e redescobrir as coisas que eu já amo tanto de ouvir quanto de tocar. Nessas eu achei o documentário do Coroner, a banda de Thrash Metal suíça que é uma das minhas bandas favoritas de todos os tempos.

O documentário Coroner – Rewind saiu em 2016 e falava do retorno da banda, que vinha de um longo hiato e voltara com a formação original, o power trio pela qual foi famosa. E lá pelos 12 minutos, bem no começo do documentário, ouve-se a palavra skateboarding da boca de um dos entrevistados.

Eu fiquei “UÉ???”. Quem falava ali era o Tom Warrior, vocalista do lendário Hellhammer e do ainda mais lendário Celtic Frost. Aí, curioso que sou, aquilo não podia me escapar.

Pausa no documentário, entra a pesquisa no Google. Essa foto surge:

(Fonte: site do Coroner)

Tom Warrior e Marquis Marky (baterista do Coroner) com seus skates no fim dos anos 80. Marquis com seu Seaflex com adesivo do Suicidal Tendencies e camiseta do DRI, claramente influenciado pelo skateboard no gosto musical e o Tom Warrior com seu Walker Skateboards (ignorem o mallgrab).

Achei curioso porque eles faziam parte de backgrounds totalmente avessos à meca do skate dos anos 80. Primeiro porque os caras eram da Suíça e, apesar do boom do skate nos anos 80, bom, eles não eram americanos. Segundo que eram metaleiros com influências satanistas… Ok, talvez isso até conversasse com o skate de alguma forma.

Fato é que o skate se fez presente em mais uma juventude, independente do gosto musical. Suíça, começo dos anos 80, molecada revoltada, metaleira… E lá estava o skate.

Nessa entrevista de 2014 enquanto tocava com o Triptykon o Tom fala sobre andar de skate desde 1978:

Mas apesar dos caras terem andado ou andarem de skate ainda hoje, essas bandas não tem muita relação com as trilhas sonoras dos vídeos de skate. O Celtic Frost já apareceu no vídeo Black Metal, uma tour da Creature, mas as outras bandas não tiveram suas músicas manobradas.

Outras relações de metal extremo com skate  

Muitos skatistas já usaram músicas pesadas em suas partes ao longo do tempo, mas vou tentar listar alguns pontos aqui que fogem do metal mais tradicional. Black Sabbath, Slayer, Motorhead e Suicidal Tendencies a gente sabe que muita gente já usou e fez coisa junto. Então vamos tentar fugir desse tradicional:

– O Cataclysmic Abyss da Foundation Skateboards é uma escola de metal pesado em vídeos de skate. Começa com Bathory, tem Black Sabbath, Mercyful Fate, Electric Wizard e termina com Bongzilla. Vídeozão de skate, vale apena reassistir pela trilha e pelas tricks.

– A Creature é uma marca que tem uma relação boa com a música pesada. Seus vídeos sempre têm coisa legal. O Creature Video, de 2017, por exemplo, tem Darkthrone na parte do Chris Russell e termina com Gorgoroth na insana parte do Kevin Bakkel.

– Outra marca que é tem relação com as variadas vertentes do heavy metal é a Blood Wizard. Em seus vídeos, bandas como Blood Ceremony, Saint Vitus e Hawkwind.

– Um que é famoso no mundo das trilhas sonoras do skate é o King Diamond. Tem música dele no Fully Flared da Lakai e no Holy Stokes da Volcom. Com o Mercyful Fate (banda que o Rei Diamante canta), ele aparece no Cataclysmic Abyss citado acima e também no Pretty Sweet e no New Ground da Bones.

– O metal é comum entre os Chris! Tanto o Cole quanto o Haslam são skatistas metalheads. Chris Cole está sempre com camiseta do Children of Bodom (ele é viciado na banda, já fez shape e tênis com a temática) e sempre coloca músicas pesadas nas partes e nos vídeos das marcas que é dono. Já o Haslam também tem seu apreço pela música barulhenta, como podemos ver nesse vídeo:

 

– São diversos os skatistas que tem banda. Mas no metal, um cara que se destaca é o Ethan Fowler. Green and Wood era o nome do seu projeto e é um doom bem legal!

– Em vídeos da Zero já teve Church of Misery, Witchcraft, Graveyard e muita banda boa do metal extremo.

– E não dá para fazer um artigo sobre metal extremo no skate sem falar na crew canadense dos Barrier Kult. A “horda” dos black metal no skate traz a temática do metal extremo em seus vídeos, suas vestimentas e suas atitudes. Ah, e os caras PIRAM em metal brasileiro! Já usaram Sarcófago, Chakal e Holocausto em seus vídeos e estão sempre com camisetas ou patches dessas bandas.

Se você quiser um artigo específico falando sobre algum dos temas acima, comente nas nossas redes sociais! As relações do skate com o metal são diversas e são sempre curiosas, como essa foto recente do Tom Warrior com seu longboard DogTown (e a cara de mal sempre presente).

instagram.com/rumorbid

Ah, e se você quiser saber mais sobre o mundo do metal, recomendo o Baile do Capiroto, do Igor Giroto (e que eu apareço de vez em quando). Saiba mais clicando aqui e/ou ouvindo o podcast:

https://open.spotify.com/episode/5BZt6GbmmuurMzW8FnBOW3

Aproveite a quarentena e assista ao Senhores do Caos, contando a história do Mayhem no Telecine e no NOW. Não tem skate mas é garantia de um bom passatempo.