Quando soube que o Cesar Hideki estava fazendo um vídeo de skate só no Museu do Ipiranga, fiquei animado em participar. Praticamente aprendi a andar de skate lá, e já fazem bons anos que tem sido o lugar que mais frequento. Após encontrar com o próprio, soube que a ideia era um pouco diferente, mas continuei a disposição pra participar.
Até que o Cesar me chamou, disse que estava terminando o vídeo (isso por volta de setembro de 2015) e queria filmar alguma manobra minha. Um final de tarde saí da editora e parei no museu, pra filmar o que seria minha participação. Resultado: torci o pé, rompi ligamentos, fiquei quase 6 meses sem andar de skate, perdi uma viagem marcada pra Los Angeles. E não pensem que foi tentando algo de alto risco. Não faço isso há muito tempo.
Imaginei que diante desse acontecimento, no máximo apareceria na seção dos tombos do vídeo. Só que muita coisa aconteceu além dos meus edemas no tornozelo: gravações atrasaram, teve gente que foi presa, outros se machucaram também, o próprio Cesar tornou-se pai…enfim, o vídeo atrasou, e não foi pouco.
Chegamos em 2018, e o convite se repetiu: “Douglas, tá terminando, vamos filmar.” Sessão marcada pra uma segunda feira de manhã no Parque e…surpresa: no domingo anterior o parque fora fechado, por conta da epidemia de febre amarela que assolava São Paulo. Com a descoberta de um macaquinho morto por suspeita da doença, o local tornou-se área de risco. Mais um motivo, este inusitado, pra lista de eventos desagradáveis. Alguns dias depois, vacinado e com o pico reaberto, filmamos umas manobrinhas para aquela que seria minha segunda participação num vídeo de skate. (a primeira tinha sido com os amigos da Booerage, no Boo Prato, de 2012.)
Enfim, no dia 08/outubro o Cine Olido recebeu a primeira exibição do “Parado em Movimento”. A Helena, filha do Cesar, com seu ano e meio de vida, estava lá na porta. Valtiere, Alexandre Calado, Renato “Xarope”, Filipe Maia e vários outros skatistas também estiveram presentes.
É estranho esperar o momento em que seu nome vai aparecer na tela, especialmente pra quem, como eu, jamais fez da sua habilidade como skatista algo primordial pra sua vida. Até porque tive a sorte de perceber cedo que, se dependesse disso, estaria lascado, mas continuei vivendo no skate e andando pela alegria simples de fazer o que se gosta entre amigos. E se ver na tela grandona é uma satisfação enorme, até mesmo porque vídeos de skate sempre foram bem importantes pra mim.
O Cesar, outro que anda de skate por razões parecidas com as minhas, compartilha do mesmo sentimento: “é muito esquisito mesmo a hora que aparecemos na tela. Eu até tinha esquecido que eu tava no vídeo. Foi uma sensação doida”
Deu tudo certo. Com skate, é assim que tudo termina, pelo simples fato de que somos nós que dizemos a hora que acabou.
Leia a entrevista que fiz com o Cesar Hideki e assista “Parado em Movimento” na íntegra aqui