Francisco Chávez, fotógrafo peruano de skate

Para falar um pouco sobre a cena peruana, fiz algumas perguntas a um dos grandes fotógrafos de skate do Peru, Francisco Chávez, cidadão de Lima, skatista desde os anos 90, e que nos conta um pouco a respeito, principalmente sobre sua incrível trajetória.

 

Como começou na fotografia de skate?
Com meu grupo de amigos começamos a andar de skate e aprender as manobras vendo as revistas especializadas. Eles passavam as páginas rapidamente, mas eu ficava minutos olhando para uma foto… A partir daí fiquei muito impressionado com a fotografia de skate, mas eu não tinha ideia de como fazer essas imagens mágicas, tão bem iluminadas e com tal expressão… As manobras, os gestos de esforço por parte dos skatistas… Era um mistério que eu não entendia como fazer, eu via as fotos com “olho de peixe” e pensava “como eles fazem para fazer parecer uma bolha”, hahaha… Eu estava no zero. Eu tinha uma câmera Kodak 110 que todo mundo tinha em casa e tentei colocar um “olho de peixe” da porta da frente que eu encontrei no meu lar para que eu pudesse obter o efeito. Mas eu não consegui. Tudo isso foi em 1993, quando comecei a andar de skate. Foi só em 1998 que consegui capturar minhas primeiras fotos de bom nível.

 

Como está a cena do skate no Peru hoje? 
Atualmente está bem em termos de nível de skatistas… A cada dia surgem mais talentos de um momento para o outro, aparece um novo e 6 meses depois aparece mais 3, e assim por diante. Na economia fomos afetados como em muitas partes do mundo.  Costumávamos ter revistas impressas, outras mídias, campeonatos internacionais e mais apoio das marcas. Esperamos sair dessa logo.

 

Cite algumas revistas que publicaram as suas fotos?
Isso foi uma loucura… Quando eu comecei nisto, eu não tinha um norte para seguir, nem uma meta, eu só fechei os olhos e fui… É incrível poder ver minhas fotos em revistas impressas como, LA TABLA (Chile), TRIBO (Brasil), DESCARO (Chile), STANDBY (Costa Rica), DEMOLICIÓN (Chile), SLIDE (Perú), GRIND (Perú) e PLAGA (Perú).

Confira algumas das fotos cedidas por Chávez:

 


Cite alguns skatistas peruan@s que mais gostou de fotografar?
Na verdade são muitos, quase todos, mas posso citar Diego Rodriguez (@instaperlu), Freddy Wong (@freddywong_), Fabrizzio Caro (@fabrizzio.caro), Bruno Vega (@brunovega1), Danny Falla (@elrosepapi), Willy Munoz (@willy.munozz) e Alex Lozano (@lozalx).

 

Quais são os bons lugares para andar de skate em Lima?
Existem muitos, desde bordas a espaços para fazer linhas como “Larcomar”, até raras pirâmides como “La Residencial Santa Cruz”…  Toda Lima está cheia de picos e o solo é muito bom!

 

E os grandes eventos que você fez cobertura fotográfica?
Fiz muita cobertura, mas os que mais me lembro são os da Volcom que já vieram ao meu país 3 vezes, a demo do team Circa em 2007, as demos do team Converse de 2012 e 2013 com quem eu até saí para tirar algumas fotos na rua, a demo do team DVS em 2013, o team Red Bull em 2017… Tiveram mais, mas eu não me lembro agora.

 

Qual foi o seu primeiro equipamento e qual é o atual?
Minha primeira câmera SLR foi uma ZENITH (russa)… Foi incrível, comprei em um mercado de coisas usadas. Atualmente trabalho com uma Canon EOS 6D Mark II.

 

Qual é a maior diferença em tirar fotos de skate de quando você começou a agora?
O simples fato de que a fotografia analógica exigia mais esforço e precisão… Ou seja, aprender, provar, tentar de novo e de novo não se resumia a tirar a foto e apagar como hoje. Você tinha que tirar a foto e então revelar para ver se a sua foto estava certa ou errada.  Depois houve a questão do custo do filme e é por isso que você não disparava por disparar… Pensávamos muito antes de tirarmos uma foto. Considero que para fotógrafos que vêm da era analógica, este tema do filme nos treinou para tomar melhores decisões antes de tirar uma foto. A fotografia digital é incrível e muito útil… Acho que se encaixa muito bem nessa nova fase da mídia. A mídia digital é muito diferente daquelas da minha época, que todos nós tomamos tempo para editar um artigo, diagramá-lo e imprimi-lo. Hoje em dia o público exige tudo de forma rápida e quase instantânea. E a fotografia digital é perfeita para isso. Aprender é muito mais fácil agora, obviamente. São mundos e tempos diferentes. Em outras palavras, desde a era do daguerreótipo (primeiro processo fotográfico a ser anunciado e comercializado ao grande público em 1839) até a era das primeiras câmeras de 35 mm com um rolo de filme houve um avanço da praticidade… tudo se tornou mais rápido. Era incrível tirar 36 fotos em uma única carga do que levá-las uma a uma, como nos estágios iniciais da fotografia.  É como se estivéssemos buscando sempre a acelerar os processos.

 

Você acha que a era do Instagram ajuda, mas também atrapalha?
O Instagram é muito positivo… Ou seja, em 1998 eu nunca teria imaginado que haveria uma plataforma para publicar fotos com um artefato chamado celular e que todos comentam instantaneamente… Isso pra mim era ficção científica, hahaha. Mas considero que uma boa parte do material de skate deve ser guardado para algo mais trabalhado e não deixar cair tudo no Instagram. Há muitos filmakers que levam 4 horas para gravar uma linha e de repente um garoto gravou escondido com um iPhone e publica na hora… Isso é prejudicial para todos. O tempo e o esforço do skatista e o trabalho do filmaker seriam afetados, por exemplo.

 

Algumas dicas para quem está começando na fotografia de skate?
Não veja a fotografia de skate como algo que vai fazer de vocês milionários, faça primeiro pelo simples prazer de mostrar uma manobra através uma imagem… Isso vem primeiro antes de você ver como um trabalho… O resto vem sozinho.

 

Quais são seus outros projetos?
Tenho uma revista virtual chamada www.vidarodantemag.com onde sempre publico material de várias partes da América do Sul, mas também produzimos material próprio.

 

Uma mensagem para finalizarmos essa entrevista?
Mais que tudo, agradecer a Estefania e a CemporcentoSKATE pela oportunidade e desejar a vocês o melhor. Espero vê-los pessoalmente algum dia. Saudações!