É sabido que a moda se utiliza demais dos elementos do street wear para vender produtos, dentre eles um em específico, o skate. Muito mais tentando atingir este vasto mercado que se confunde entre praticantes e não-praticantes, simpatizantes e afins.
Foi o que fez recentemente a Louis Vuitton ao apresentar um tênis de skate assinado (o famoso pro model) pelo skatista Lucien Clarke. Sim, a mesma marca que em 2017 lançou uma collab de shapes com a tão dileta Supreme a preços bem acessíveis (só 59 mil dólares em média).
O fato é que parece uma ofensa ao skate uma marca francesa com mais de 150 anos, que não tem nada a ver com esportes em geral, entrar no mercado do skate. Para ter esse aval conhecemos qual o modus operandi que muitas marcas usam ou usaram: fazer a parceria calcada em nomes fortes e consagrados para que as críticas sejam mais leves por parte da comunidade ‘skatística’. É o que aconteceu, inclusive com anúncio nas páginas impressas da norte-americana Thrasher Magazine, uma das revistas de skate mais longevas da história.
Quem não fez isso antes? adidas, Nike, entre outras, fizeram e, a contra-gosto ou não, aí estão no mundo do skate com seus times globais e locais. Muitas pessoas dizem que explorando o skate e diminuindo a relevância de marcas do core. Todos podem e devem ter sua própria opinião, isso é um direito que eu, Armen, inclusive, defenderei (obviamente se não for uma opinião racista, machista, misógina, xenofóbica, homofóbica, etc…).
Mas essas duas marcas que citei por último (adidas e Nike), fazem parte do universo esportivo e, concorde você ou não, acabam, de diversas maneiras, devolvendo algo para skate (seja empregando skatistas lendários que talvez estivessem desempregados e sem poder viver do skate ou até deixando picos e pistas como legado para os skatistas). Veja bem, não estou fazendo as vias de advogado de ninguém.
Entretanto, no caso da Louis Vuitton, ela se associa ao jamaicano Lucien Clarke, que inclusive é um dos nomes do skate com mais proximidade ao mainstream da moda. E não é de hoje. Menos mal! Outro fato relevante para essa parceria é que a marca francesa conta com um nome de peso entre seus designers e ele é ninguém menos do que Virgil Abloh, diretor artístico e criador de um outro fenômeno de vendas, a Off-White. Esse cara é o responsável pela diminuição da linha que diferencia a alta costura (digamos assim) do street wear desde que aportou na LV. Virgil já trabalhou em diversos projetos, inclusive com muitas marcas core do skate, mas esse tema fique talvez para outro post.
Creio que o Lucien está mais do que certo em sonhar e conseguir realizar a concepção e criação de um pro model ao seu gosto, na marca sonhada e tal. Todos tem esse direito e o Clarke também, obviamente. Além de seu nome estampado, ele também participou ativamente da criação do modelo juntamente ao próprio Abloh.
Porém, neste caso em específico, quem também da e deu o aval é a revista, que vendeu o anúncio (e certamente não deve ter cobrado barato por ele, nem poderia) e não tem nada a ver com isso, uma vez que ela é uma plataforma de divulgação de marcas, skatistas, produtos e etc…
No entanto, não me encanta (e muito mais, me desagrada) a ideia de uma marca que, por mais que seja considerada tradicional e mais que centenária, se utilize do mercado do skate para vender seus produtos ao preço dos olhos de nossas caras. Já não tem sido fácil para os skatistas, ao menos daqui do Brasil, encontrarem calçados bons e específicos para o skate a preços módicos ou baixos.
Mas, obviamente, isso é uma opinião minha. Quem sou eu na fila do tênis?
E qual a sua opinião sobre o Louis Vuitton assinado por Lucien Clarke? Gostou ou não?