Se tem alguém que me deixava incomodado quando encontrava, esse alguém era Thiago Neves. No meio do ano de 2018, lançamos a edição 209. Um dos meninos que estavam no “Espaço Amador” dessa edição era Vicenzo Damasio, um jovem, flow da adidas e tal. Lembro de ter recebido as fotos dele através do Helge Tscharn, troquei mensagens com o pai dele e, pronto, o slob fastplant foi parar nas páginas da revista.
Essa edição foi lançada durante o Das Days, evento que movimentou a cena do skate paulistano por dez dias. Num desses acontecimentos, vi o Thiago Neves, ali de canto, ora andando bem, ora assistindo a demo. Jovem, flow da adidas…não tive dúvidas: comecei a trocar ideia com ele e perguntei “já viu sua foto na revista?” Ele me olhou com uma cara tipo “o quê?!” Quando mencionei que havia falado com o pai dele, a expressão se tornou ainda mais estranha, mas lá foi ele atrás de conseguir um exemplar.
Foi quando me dei conta da confusão dos diabos que estava fazendo. Thiago Neves não era Vicenzo Damasio. Diante disso, tive que lidar com o desapontamento dele, pedi desculpas e, dali por diante, fiquei da dívida com ele. E na bronca comigo.
Fim de 2018, estou meio que em férias andando de skate em Maringá (PR). Noite, entramos numa lanchonete no centro da cidade e quem está lá? Thiago Neves! Mais um sorriso amarelo meu, um “e aí” desajeitado, e lá fui eu engolir o sanduíche remoendo a lembrança da mancada. Já topei Cardiel, Biano, Koston, Fabio Cristiano: nenhum skatista me trazia mais incômodo do que Thiago Neves.
Enfim, chegamos na edição 212 e, dessa vez, graças a fotos de Diego Sarmento, Thiago Neves está na revista, backside smithgrind no centro de São Paulo (SP). E posso voltar a andar tranquilo entre os skatistas, em paz com todos eles, agora sem exceção.