Voltei a ouvir falar de Desafio de Rua em 2019. O hiato de quase dez anos doía pra muita gente, que tinha saudades até do que não viveu. Uma geração inteira de skatistas excepcionais só conhecia por vídeo e revistas. Outros, muitos deles, sequer conheciam.
Era hora de reunir pessoas, ideias, apoiadores e patrocinadores para voltar a desafiar a rua. Ela, tão diferente de outros tempos. E algo ainda mais profundamente transformado nesses anos: a comunicação. Em 2010, no último Desafio, redes sociais não eram nada perto do que é agora. Ninguém conseguia transmitir ao vivo usando um celular.
Então, era o momento de usar a tecnologia a nosso favor, convocar um grupo de novos skatistas ávidos por fazer parte dessa história tão brasileira. Com tudo quase nos trilhos, o mundo entra naquela que talvez seja a pior pandemia de sua história, mas que com certeza é a pior da nossa, pois estamos no meio dela.
Entre as incertezas de março e o primeiro bater de tail em dezembro, muita gente trabalhou duro pra que tudo acontecesse. Em 30 anos de skate vi muitos saírem numa, mas nunca imaginei ver skatistas entrando na ambulância antes da sessão. E precisamos testar todos, antes de ir pra rua com segurança. Máscaras, álcool gel, junto com parafusos de base extras e vela. Bem vindo ao skate de 2020.
A essa altura, você já deve ter assistido todos os onze episódios no YouTube, e também o full video, o que talvez torne minhas palavras desnecessárias. O que esses skatistas foram capazes de fazer e a satisfação e alegria dos envolvidos está muito bem retratada na série assinada por Anderson Tuca. O que resta é agradecer a oportunidade e seguir com o trabalho firme pra que o skate seja tratado com o respeito devido e que muitas outras gerações possam experimentar o Desafio de Rua, um patrimônio brasileiro.