Armen Kevork
Fabio Luiz, aka Parteum, rapper e skatista, acaba de lançar um novo single.
O título “O balanço do efeito Dunning-Kruger” faz referência ao fenômeno que leva indivíduos que possuem pouco conhecimento sobre um assunto a acreditarem saber mais que outros mais bem preparados.
Em tempos de Covid vemos como o negacionismo da ciência é um grande problema que põe em risco a todos.
É sabido que Parteum é um dos maiores letristas e beatmakers do rap brasileiro. Portanto, para além dos negacionistas científicos, os racistas incompetentes e seus males ficam escancarados em pistas dadas no single. Parteum exalta com maestria a grandeza de sua linhagem, proveniente de rainhas e reis africanos.
Por isso, o single vem carregado de críticas ao sistema e ao racismo estrutural que assolam o Brasil, onde um jovem negro tem 2,6 mais chances de ser assassinado, segundo estatísticas da ONU, ou que 1 negro é morto a cada 4 horas pela polícia no Brasil, para citar apenas dois índices de mortes de pessoas negras no país.
Eu não tenho lugar de fala nessa história: sou um homem branco, jornalista, de classe média. Mas como um dos editores dessa publicação, que inclusive é comprometida na luta pelos Direitos Humanos e contra o racismo, tenho que trazer ao público essa reflexão.
E para corroborar com a realidade nua e crua inserida na letra de “O balanço do efeito Dunning-Kruger”, o lançamento aconteceu na semana em que o jovem congolês Moïse Kabagambe foi assassinado, agredido covardemente em um quiosque, na Barra da Tijuca (RJ) por vários homens. Segunda a família de Moïse, havia trabalhado no quiosque e no dia de sua morte foi cobrar uma dívida com o dono do negócio pelos dias trabalhados.
Parceiro e amigo de Parteum, Marcus Vinicius Kamau também divulgou trabalho recente em conjunto com Slim Rimografia.
SKIt, como chamaram o duo, traz em suas faixas e mesma crítica social e racial.
Em “Nota de Escurecimento”, a letra pega pesado contra os racistas. Nela, o DJ KL Jay está no comando na voz e nos riscos. O beat da faixa foi produzido por Slim em 20 de novembro de 2020, data do covarde assassinato de João Alberto Silveira Freitas, homem negro espancado e sufocado em uma loja do Carrefour no Rio Grande do Sul.
É inegável que arte é um dos caminhos que possibilitam que as causas ganhem mais força, e que consigam pressionar governos a tomar atitudes a fim de mitigar tais problemas e, sobretudo, injustiças sociais. E isso, Fabio Luiz, assim como Kamau, Slim, Djonga e tantos outros, sabe fazer muito bem.
Escute aqui em seu agregador de áudio preferido e divulgue!
Em tempo: No dia do lançamento do single (02/02/2022) também marcou os 25 anos sem Chico Science. Na trilha, Parteum cita “meus amigos de Recife”, numa clara referência compreendida pelo pessoal da Nação, Otto e outros amigos que tem na cidade.