PROFESSOR GIANCARLO MACHADO LANÇA NOVO LIVRO SOBRE SKATE

Entrevista por: @leobrandao77

                                                                                              Foto: Divulgação

Os estudos acadêmicos sobre o skate receberam, recentemente, uma importante contribuição. Trata-se do livro: “A cidade do skate: sobre os desafios da citadinidade, de autoria do antropólogo e professor universitário Giancarlo Machado. O livro, que contou com apoio da Capes, foi publicado pela Editora Hucitec no âmbito da coleção “Antropologia Hoje”.

Para saber mais sobre este livro, eu fiz uma rápida entrevista com o autor. Foram apenas 3 perguntas, mas que ajudam a lançar luz sobre a obra, inclusive citando os locais onde ela pode ser adquirida.

1 Gian, conte como surgiu a ideia do livro? Ele é fruto de uma pesquisa universitária?

R: O livro incorpora reflexões realizadas para fins de minha tese de doutorado, intitulada “A cidade dos picos: a prática do skate e os desafios da citadinidade”, defendida em 2017 no âmbito do Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social da USP, e também traz questões recentes a partir das disciplinas e investigações que venho desenvolvendo no Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Social da Unimontes-MG, onde estou vinculado como professor permanente. A obra é, portanto, derivada de pesquisas universitárias. Para dar visibilidade aos resultados, bem como para propagar temáticas ligadas ao skate acadêmico e aos estudos urbanos, mobilizei esforços para que o livro fosse publicado. Submeti o manuscrito para apreciação do comitê da coleção “Antropologia Hoje” – sendo esta responsável por publicar livros de referência nacional na área da Antropologia – e, após a aprovação, iniciei a negociação com a HUCITEC, editora que atualmente abriga a coleção e que fora responsável pelo lançamento do livro. Cabe destacar que tal livro contou com apoio da Coordenação de Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – Brasil (CAPES), código de Financiamento 001, através do Programa de Apoio à Pós-Graduação (PROAP), auxílio 0928/2020, processo 88881.593009/2020-01. Sou grato, assim, ao PPGDS/Unimontes, Editora HUCITEC e CAPES por tornarem possível a publicação de “A cidade do skate: sobre os desafios da citadinidade”. E também, mas não menos importante, à Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), que garantiu minha bolsa de doutorado a partir da qual viabilizei boa parte da pesquisa, aos skatistas que tive contato no curso do trabalho de campo, e aos professores e pesquisadores que contribuíram com críticas e direcionamentos.

2 – Do que trata o livro? Como ele está estruturado?

R: O skate de rua é o foco de uma investigação antropológica que o trata não apenas como uma prática multifacetada que transcorre no urbano, mas, igualmente, como uma própria prática do urbano transposta por subversões, conflitos e negociações, enfim, por posicionamentos díspares frente às governanças que são feitas dos espaços urbanos. Evidencia-se como os skatistas embaralham ordenamentos e põem em suspensão embelezamentos estratégicos de uma cidade gerenciada como mercadoria e voltada para práticas de cidadania que são englobadas sobretudo por lógicas de consumo. A publicação está divida em duas partes, sendo que, cada uma, traz dois capítulos. O primeiro deles, intitulado “Manobras na Praça Roosevelt: embates em torno da prática do skate”, traz uma abordagem etnográfica que analisa as sociabilidades e os conflitos que emergem a partir das apropriações que os skatistas fazem da Praça Roosevelt, um dos principais picos de skate de São Paulo. Evidencia, portanto, embates e negociações entre perspectivas citadinas e normatizações institucionais por meio das quais são colocadas em tela as estratégias esperadas, bem como as subversões que delas são feitas, para a apropriação de certos espaços públicos paulistanos. O segundo capítulo, por sua vez nomeado “Entre a destruição e a criação: quando os skatistas fazem a cidade”, aborda os múltiplos sentidos que permeiam o universo da prática do skate de rua em São Paulo. Por meio de uma investigação detida em várias situações são reveladas as experiências citadinas mais valorizadas pelos skatistas, como os rolês e a busca por picos em espaços não definidos de antemão. As análises revelam as relações de poder, assimetrias, desigualdades e segregações que calham em São Paulo e como os skatistas resistem e se impõem em toda sorte de espaços a partir de suas manobras e táticas astuciosas. O terceiro capítulo, “Skate, esporte e política: governanças da citadinidade”, demonstra como uma série de agenciamentos político-urbanísticos vem tentando enquadrar a prática do skate de rua conforme suas próprias rubricas com vistas a amenizar — ou até mesmo coibir — os impactos de sua realização em determinados espaços e equipamentos urbanos não planejados para as ações dos skatistas. “A espetacularização da citadinidade: sobre a cooptação do skate de rua” é o título do quarto e último capítulo. Ao contrário do anterior, onde são priorizados os enquadramentos insti