REVIRADO

O “Revirando o Arquivo” é um programa semanal no Instagram TV da CemporcentoSKATE. Toda quinta feira o Armen dá uma aprofundada no #tbt, trazendo algumas coisas do histórico da Cem.

O de hoje é especial, pelo momento. Lembro bem, em 2012, da situação tensa na redação: “precisamos falar de skate olímpico”. Um foi pro banheiro, o outro lembrou que tinha filme pra revelar, alguém precisava ir embora mais cedo. Quem tinha a visão da necessidade da pauta, na época, eram Alexandre Vianna e Marcelo Viegas. Eu estava entre os que procuraram alguma desculpa imediata e, por intimidade, imaginava que o Viegas e o Ale também gostariam de estar entre nós.

Mas, aqui, sempre houve uma responsabilidade que direciona tudo. Pelo menos, é o que vejo desde o primeiro dia que pisei na redação. Talvez até antes: quando peguei a primeira CemporcentoSKATE na mão, já era óbvio pra mim que ali tinha algo diferente. Acendendo a pira (e a polêmica) é uma bela síntese do que acontecia naquele momento.

Então, logo na primeiras conversas sobre a matéria, ficou claro pra mim que o skate olímpico aconteceria, cedo ou tarde. Que ficar fazendo piada ou boicotando esse fato até poderia render risadinhas (que mais tarde virariam likes, e que mais tarde estão acabando com a sociedade civilizada), mas que pouco ajudaria. O que restava fazer era trabalhar pra que a coisa acontecesse da forma mais legítima possível. A gente pode se divertir no processo? Claro – não existe skate sem diversão. Se não for divertido, não será skate. Mas, quem trabalha nele, ou pra ele, precisa saber a posição que ocupa, e fazer o que lhe cabe com o maior carinho possível. É assim que o cara que dá ollie mira o corrimão grande, é assim que o fotógrafo enquadra a cena, é assim que se produz uma peça, é assim que se negocia um contrato: tendo em vista que o skate é a razão daquilo, e que ele merece respeito e dedicação.

Enfim, faltam dias pro skate estrear na olimpíada, e ainda ninguém pode cravar o que será isso, durante e após Tóquio. Mas olhar pra trás agora e ver, em 2012, uma matéria com essa profundidade, mostrando prós e contras, entendendo a política, ouvindo medalhista olímpico de outro esporte e skatistas cheios de bagagem, faz crer que o trabalho jornalístico foi feito de maneira ímpar. Agora, é 2021, e todo mundo acha que sabe de skate. E talvez saibam mesmo, já que o skate é plural, é muita coisa, e pode existir verdade em cada abordagem que se faça dele.

O skate fez muito por você. Cuide bem dele, do seu jeito de cuidar.