A vida é um sopro, já dizia Oscar Niemeyer. E eu ouvi isso bem cedo, sem saber muito bem o que ele queria dizer com isso, mas essa frase me acompanhou até hoje. Agora eu entendi.

A fragilidade dos momentos que vivemos é tão grande que é impossível mensurar quanto mais estaremos aqui pra contar cada caso ou rir de cada memória. Simplesmente não dá.

Ultimamente tem sido um caos tão grande no mundo que as notícias parecem nem nos abalar mais. A pandemia nos deixou atordoados, mas sempre tem como piorar.

E piorou.

Ontem perdemos um dos mais skatistas entre os skatistas. Jeff Grosso dançou sua última dança e agora é mais um que nos assiste de outro plano.

Essa estrada para lugar nenhum, sem direção e sem planejamento, nos leva para cima e para baixo, nos arremata com flores e destrói dias com o mesmo peso que constrói as nossas carcaças.

A vida é mesmo uma montanha-russa de emoções e de sentimentos, às vezes a história mais bonita já contada, às vezes uma piada de mal gosto que a gente não quer dividir com ninguém porque dói demais pra que outros doam junto.

Conhecendo pessoalmente o Jeff Grosso ou não, ele ensinou cada skatista a ser real e que a filosofia por trás desse brinquedo que chamamos de “tudo” é ir se divertir. O skate é realmente tudo. O que seríamos sem ele? O que faríamos sem ele? O que seria da vida sem ele?

Essas respostas eu nunca quis ter, por isso escolhi ter o skate sempre comigo, assim como o Jeff Grosso fez a vida toda.

A coisa que eu mais queria agora era ir andar pra homenagear ele e qualquer pessoa que andou com amor, mas a responsabilidade social dada do momento que vivemos agora não permite. Não quero mais perder ninguém, seja pelo motivo que for.

O skate é tudo, ao mesmo tempo que não é nada. E essa dualidade faz a vida ser tão intrigante, maravilhosa, perturbadora e confusa. O que nos resta é viver. O que nos resta é fazer o que quisermos, andar como quisermos, sermos nós mesmos.

Afinal, o que é que tem amanhã?

Descanse em paz, Jeff Grosso. Obrigado por ter sido um louco apaixonado pelo “tudo” que chamamos de skate.