Como foi sair pras sessões tendo uma matéria em revista como objetivo?

Há oito anos atrás já imaginava esse dia chegar. Fiquei um tempo me criando nas ruas, desbloqueando novos horizontes. Esse momento é muito especial. Boas energias de amigos e pessoas que sempre admirei. Me sinto muito feliz e motivado para continuar evoluindo como homem, filho e skatista. Por mim, queria ter feito mais material, só que o coronavírus já é uma realidade aqui pra nós. Melhor preservar nossa saúde e os nossos.

De onde surgiu essa coisa de “dias incríveis”?

No reveillón de 2018 o universo confirmou que a jornada ia ficar mais difícil e que momentos especiais estariam por vir.

O que é um dia incrível?

O processo do auto conhecimento é eterno. Várias vezes me peguei reclamando, criticando pessoas que admiro e que caminham lado a lado. Estar sempre atento aos detalhes que a vida proporciona. Isso faz um dia incrível. Um dia incrível foi quando a casa onde morou sofreu com a enchente. Depois que a água abaixou, a comunidade nos ajudou a tirar a lama e as ratazanas que vieram com ela. Naquele dia senti a importância da coletividade. Me senti representado pelo gueto, perdi a vergonha de ser eu mesmo.

E como tem sido a quarentena do Rica?

Ontem e hoje vou ter que sair pra ir lá no Correios. Quando cheguei em casa só entrei de cueca e direto pro banho. O que alegrou meu dia ontem foi ter ganho um fingerboard.

Foi fazer o que nos Correios?

Uma marca da Nova York, chamada Blisstory, vem me ajudando. Constantemente eles mandam dinheiro por PayPal para mim. Eles me enviaram algumas roupas e agora vou lá pegar, mesmo correndo risco. Eles são a única fonte de renda dos próximos dias. Passaram tranquilidade para minha mãe, entenderam meu propósito.

Boa sorte.

Estou feliz de estar trocando essa ideia com você agora, nesses cochilos de quarentena das 15:00h sonhei que você (Douglas Prieto) estava fazendo um churrasco com os chegados na sua casa, daqueles de domingo à tarde. E tava mó gang! Espero que possamos superar mais essa e estar cada vez mais unidos, conscientes, escrevendo, desenhando, brincando de fingerboard com sobrinho e vendo umas séries da máfia. Agora é seguir na cautela contribuindo para a evolução da cultura de rua. Gratidão e Obrigado à todos!

Então, quando o apocalipse passar…teremos churrasco!

Ricardo Alves da Silva

São Bernardo do Campo (SP)

23 anos

12 anos de skate

Altai / Vinho / Blisstory / Smog

(fotos Allan Carvalho / entrevista Douglas Prieto)

Matéria do Rica na edição 217, em breve nas ruas.