O centro da cidade de São Paulo é um grande paradoxo: uma região de inestimável riqueza histórica, cultural e arquitetônica é também um lugar onde a nossa brutal desigualdade social está exposta aos olhos de todos. Essa realidade gera uma sensação de insegurança que transformou o Centro num lugar de passagem.
Ocupar o espaço público é mais que um direito. É uma maneira de manter a cidade mais segura, menos hostil.
Skatistas têm uma relação muito pessoal com a cidade: enxergam possibilidades onde a maioria das pessoas apenas passa apressada. E a permanência de skatistas em alguns espaços, como no Vale do Anhangabaú, sempre trouxe, mesmo que indiretamente, alguma segurança.
Há alguns anos fala-se de um projeto de revitalização do Vale, mas o projeto só foi de fato executado por Bruno Covas, em 2019.
Uma iniciativa que começou com 2 skatistas (e que durante o período da destruição reuniu mais de 10.000) conseguiu, com muita luta, explicar para o poder público a importância do Vale e construir, no meio dessa obra bizarra – de gentrificação –, um pequeno memorial, com as mesmas pedras do que agora chamamos de antigo Vale. Na tentativa de registrar a história desse lugar conhecido por qualquer skatista do planeta, foram organizados 2 livros:
Vale TXT: relatos de alguns dos principais skatistas que passaram por ali, com a cronologia da destruição, registros das tentativas de salvar o Vale e detalhes da construção do memorial.
Vale IMG: narrativa visual da história desde os pioneiros a desbravarem o Vale até seus dias finais.
Foram feitas também camisetas e adesivos com a forma do píer, a primeira peça que a prefeitura destruiu, fora do combinado com os skatistas.
A idealização do projeto foi de Murilo Romão com organização de Douglas Prieto, projeto gráfico de Daniel Justi e revisão de Fernanda Simões Lopes.
Mais informações em Flanantes.
O valor da reforma do Vale já passou de R$ 100 milhões.
assista “Valeros”: