Redação
Publicado originalmente na edição 212 (fev/mar 2019) com poster encartado na Revista.
Texto Douglas Prieto,
Fotos Allan Carvalho
Um time de skate deve ser um microuniverso que represente o que o skate é. Quanto mais diverso ele for, melhor.
Então, coloque Rayssa Leal, com seus 10 anos de idade, pra andar de skate ao lado de Fabio Cristiano, 42 anos. Quando Rayssa estava nascendo, FC tinha parte no Duotone. Entre eles, skatistas no auge como Yuri Facchini e Luan Oliveira, outros jovens como Gabriel Fortunato, Pamela Rosa, Vinicius Costa e Leonardo Adrian, mais lendas como Cezar Gordo e Rodrigo Petersen e está formado um time heterogêneo em experiência e homogêneo em ver o skate como a coisa mais importante de suas vidas, independente do momento em que vivam.
Na função do registro desse momento, Fernando Granja e Allan Carvalho mantiveram suas lentes apontadas pro time. São Paulo, com uma escala de oportunidades proporcional ao caos instalado foi o cenário dessa reunião. Skate livre, leve e solto pelas ruas.
Visitas às skateshops também fizeram parte do roteiro, já que as lojas especializadas fazem um papel fundamental na cultura do skate. As verdadeiras lojas de skate são um local de convivência e aprendizado, onde se fala muito sobre o que realmente importa no skate. Ver o shape na parede ou o tênis na prateleira, ao mesmo tempo que o skatista que o assina manobra numa tela ou troca algumas palavras com você te faz entender como funciona a engrenagem. Mostra o que usar e onde você pode chegar. É um lugar pra sonhar. Viaje pra qualquer lugar do mundo, tenha aquele momento “estranho no ninho”, corra pra uma e pronto: existe um sentimento de acolhimento nesse locais. São, também, verdadeiras embaixadas do skate e skatistas.
Outro ponto alto da 58SP Tour foram as seletivas com o objetivo de definir convidados pra lá de especiais pro Slides and Grinds 2019. Na Praça Roosevelt, no Largo da Batata, em Santo André e Guarulhos skatistas duelaram para colocar seus nomes na lista de um dos eventos mais comentados dos últimos anos. Wesley Moska e Higor Conte foram escalados entre os cachorros grandes do S&G.
Um dos momentos marcantes da tour relembrou Sandy Bodecker, responsável por diversos projetos especiais, como o nascimento da divisão SB e a Brazil Custom Series, em 2006, com versões assinadas pelo time local. Mais recentemente, tornou-se obcecado com a ideia de ver alguém finalizar uma maratona em menos de duas horas. Sandy faleceu em outubro de 2018, deixando um vazio tão grande quanto sua influência. Inspiração eterna para aqueles que conhecem seu trabalho ou tiveram a chance de conviver com ele, como foi o caso de Cezar Gordo: “na primeira conversa que tivemos ele já tinha câncer, e aí houve uma sintonia porque meu pai passava pelo mesmo problema. Era um líder, um capitão, estava sempre pronto pra ouvir a gente. Não é tarefa fácil levantar a bandeira do skate dentro de uma companhia gigante. Foi um batalhador, lutou contra a doença sem deixar o problema transparecer. Algum tempo depois voltamos a nos ver, me recebeu em sua casa, junto com outros brasileiros. Mais uma vez, foi super carinhoso, lembrou de todos nós, me deu um abraço e, mesmo com dificuldade em falar, nos deu a máxima atenção. Ver meu tênis numa prateleira da casa dele, junto a alguns dos tênis mais importantes da história, foi algo que me deixou honrado. O Lance Mountain havia feito uma arte pra gente, eu pedi pra ele (Sandy) autografar, escreveu Go Brasil. Também veio ao Brasil em 2007, especialmente pra premiere do Nothing But The Truth. Enfim, guardarei boas memórias dele pra sempre.”
Assista ao vídeo da Tour abaixo:
Confira abaixo, 58 fotos dessa tour:
