CBSK E STU GARANTEM EVENTOS NO BRASIL APÓS ROMPIMENTO COM A WORLD SKATE

 

Na última sexta-feira (2) a Confederação Brasileira de Skate (CBSk) e a plataforma Skate Total Urbe (STU) anunciaram o rompimento com a Federação Internacional de Skate (World Skate), no que diz respeito à realização dos Mundiais de Park e Street de 2022 que estavam programados para acontecer em solo brasileiro.

Apesar do impacto da notícia do rompimento, sabendo da importância desses dois eventos para o calendário mundial de skate, a CBSk se uniu ao STU para garantir a realização das duas competições que acontecerão no mês de outubro na Praça Duó, no Rio de Janeiro, e terão premiação recorde de US $500.000.

 


MAS O QUE DE FATO ACONTECEU PARA O ROMPIMENTO COM A WORLD SKATE?

 

A CBSk – como entidade filiada à World Skate no Brasil – e a plataforma STU – promotora dos dois eventos – assinaram, no mês de maio, um memorando de entendimentos com a World Skate para a realização dos dois campeonatos no Brasil. Segundo a CBSk e STU, todas as condições negociadas e inseridas no memorando foram cumpridas pelas duas partes brasileiras.


No entanto, ao longo dos últimos meses surgiram novas exigências que não estavam no memorando de entendimentos e somente no dia 9 de agosto a World Skate apresentou o contrato, que não estava em nada de acordo com o memorando assinado anteriormente e com o que já havia sido acertado entre as partes, surpreendendo a todos. Assim, STU e World Skate não chegaram a um acordo conceitual e comercial e houve a ruptura.

 

 

QUAIS FORAM AS NOVAS EXIGÊNCIAS DA WORLD SKATE:


Vários veículos da imprensa tradicional do Brasil divulgaram a decisão com manchetes um tanto quanto dúbias, como por exemplo: “World Skate Retira Chancela Dos Mundiais de Skate no Brasil” ou “Federação do Skate Tira Mundial do Rio de Janeiro”.

No entanto, houve um rompimento entre as partes, inclusive o STU pediu direito de resposta e divulgou uma carta para explicar claramente a situação, mostrando que por trás dessa decisão da World Skate, de não participar dos Mundiais no Rio de Janeiro, está o fato de a entidade decidir diminuir a premiação dos skatistas para aumentar o seu próprio fee (ou seja, seus honorários) pela “chancela” relativa aos mundiais de Park e Street (US$ 200.000 por modalidade, totalizando US$400.000), fato não acordado anteriormente no Memorando.

Ademais, a World Skate implementou a obrigatoriedade de utilizar um novo sistema de notas, cujo
custo (cerca de US$40.000 por duas semanas) é 10 vezes maior do que o que foi utilizado nos eventos anteriores no Brasil, além de também exigir os valores relativos às inscrições dos skatistas.

Diante disso tudo, a plataforma STU e a World Skate rompem o acordo firmado. André Barros, agora ex-chairman da World Skate para a América, e Diogo Castelão, criador do STU, vieram a público esclarecer os fatos (leia as cartas mais abaixo).

 

CARTA DE RENÚNCIA DE ANDRÉ BARROS À WORLD SKATE

Quando fui convidado para ser SB Chairmen (Presidente) para a World Skate América, só aceitei essa missão devido aos incentivos de pessoas que eu confio, porque já sabia que seria um trabalho difícil.

Com essa incapacidade de assegurar um evento, que é de extrema importância para o Skate Mundial como o STU no RJ, a forma como foi conduzida a negociação e principalmente a publicação inverídica por parte da WSK sobre o cancelamento, não me deixou alternativa a não ser a renúncia.

Me senti ofendido como brasileiro e também como profissional do skate. Nosso histórico dentro do skate é exemplo no mundo todo como confederação e como organizadores de eventos. Nenhum outro país no mundo tem uma entidade como a CBSk e um circuito como STU que devolve tanto para o skate. Falo em termos de calendários, eventos, premiações, diversidade nas modalidades, construções/reformas de pistas, inclusão social e principalmente e o grande diferencial, tudo sempre de forma DEMOCRÁTICA.

Minha tristeza é que muitos skatistas de outros países não poderão vir ao Brasil por não ser mais uma etapa ranqueada e assim, ficarem sem o incentivo financeiro do país para os custos de vinda. Por outro lado, o skate só ganha com a manutenção das etapas do Mundial de Park e Street em outubro, no Rio de Janeiro. 

Mesmo sem ranking, a CBSk e o STU continuarão com o compromisso, além de uma premiação recorde e, com certeza, a festa vai ser absurda.

Toda a cultura do skate será vivenciada na sua forma mais verdadeira e intensa durante 14 dias no Rio de Janeiro. O BRASIL é SKATE de verdade, com olimpíada ou sem olimpíada.

A gente não vai parar nunca!
André Barros
06/09/2022

 

 

CARTA ABERTA DO STU À COMUNIDADE DO SKATE:

Prezada Comunidade do Skate,
Gostaríamos de agradecer antecipadamente pela sua parceria e compreensão.
Alguns pontos a serem esclarecidos de forma transparente e objetiva:

1. Os eventos estão mantidos para outubro. De 03 a 09/10 na modalidade Park e de 10 a 16/10 na
modalidade street, masculino e feminino.

2. Teremos também a modalidade paraskate.

3. Haverá uma premiação total de, pelo menos, US$500.000.

4. Nos próximos dias todos receberão uma comunicação em conjunto com a Federação Brasileira
(CBSK) esclarecendo demais dúvidas;

5. Além de competições de alcance e nível mundial, faremos uma grande festa com mais de 20 shows,
exposições de artistas e entretenimento para todos os públicos.

6. A respeito da nossa suposta “inabilidade organizacional e financeira” para realizar os campeonatos
mundiais chancelados pela Federação Internacional, hoje responsável pelo skate mundial, algumas
considerações:
a. Desde as olimpíadas de Tokyo até dezembro de 2022 teremos realizado, sempre em parceria
com a CBSK, patrocinadores e demais parceiros, cerca de 20 eventos nas modalidades street,
park, paraskate, vert, mini ramp e mega rampa.
b. Além de movimentar centenas de skatistas, artistas, indústria e profissionais do skate de forma
geral, terão sido investidos mais US$ 7.500.000 entre pistas, ativações, conteúdos e eventos; e
mais de US$1.500.000 em premiações.
c. Se forem considerados os eventos liderados diretamente pela CBSK, cuja gestão profissional
tem contribuído inquestionavelmente para a evolução do skate brasileiro, esses números ficam
ainda mais relevantes.
d. Nos próximos dias (16 a 18/09) realizaremos a última etapa de nosso campeonato nacional,
cuja estrutura é pelo menos 3 vezes maior do que qualquer evento de skate realizado
diretamente pela Federação Internacional.

7. Sobre o cancelamento dos campeonatos mundiais chancelados pela Federação Internacional, alguns

comentários:
a. Aceitamos o desafio de colocar de pé tais eventos porque entendíamos ser inadmissível, após o
sucesso em Tóquio, o skate ter somente 1 evento de alcance mundial em 18 meses e de
apenas 1 modalidade.
b. Ainda pior, não havia (e ainda não há) nenhuma previsão realista de eventos para 2022,
2023 e 2024.
c. Numa negociação atropelada, já que a Federação Internacional precisava mostrar algum
calendário para seus stakeholders, assinamos um MOU genérico, dando às partes algum
conforto para comunicar o “calendário oficial” de 2022.
d. Não sem antes sermos surpreendidos pelo fato da Federação Internacional decidir diminuir a
premiação dos skatistas (os verdadeiros artistas do show) para aumentar o seu fee pela
“chancela” relativa aos mundiais (US$ 200.000 por modalidade. Total: US$400.000).
e. Importante destacar aqui que os valores relativos às inscrições dos skatistas ficariam
também com a Federação Internacional.
f. O MOU estabelecia alguns critérios, responsabilidades e datas que não vinham sendo
cumpridos pela Federação Internacional.
g. Entre eles assinarmos o contrato até 60 dias antes dos eventos. Recebemos a primeira
versão (abusiva) do contrato no dia 09/08.
h. Fomos surpreendidos ainda pela obrigatoriedade de utilizar um novo sistema de notas cujo
custo (cerca de US$40.000 por duas semanas!) é 10x maior do que o que utilizamos no
Brasil.
i. É curioso a Federação Internacional afirmar que eles estavam dispostos a “incorrer em custos”
que seriam custos nossos, uma vez que ela não coloca nenhum dinheiro na mesa.
j. Todo e qualquer valor proveniente da Federação Internacional seria pago com a “chancela”
que pagamos a eles e/ou com a receita proveniente das inscrições dos eventos 100%
custeados pelo STU.
k. Ou seja, a Federação Internacional não aporta know-how, profissionalismo e nenhum
dinheiro e ainda prefere se apropriar de todas as receitas ao invés de investir no skate!
l. Esse é o motivo pelo qual o skate mundial não tem um calendário consistente desde
Tóquio.
m. A Federação Internacional afugentou eventos tradicionais do calendário mundial do skate
(XGames, Dew Tour, SLS, Vans Park Series…) por não entender o que é de fato o skate.
n. Nossas divergências, que já eram relevantes, ficaram insustentáveis quando a Federação
Internacional nos enviou uma carta obrigando realizar o pagamento relativo ao fee e
premiações em 5 dias sem termos assinado qualquer contrato, baseando-se num MOU
genérico assinado em 01/05 cujas algumas premissas não vinham sendo cumpridas por ela.

8. Acreditamos fortemente que a falta de profissionalismo, representatividade e legitimidade ao skate

chegou no seu limite.

9. Entendemos que o skate mundial precisa ser liderado por uma entidade que tenha conhecimento dos

seus desafios e oportunidades, e que veja o skate como prioridade.

10. O potencial do skate é imenso. Não podemos mais aceitar lideranças antiquadas, arbitrárias e

negligentes.

Ps.: O mundo não poderá acompanhar os nossos talentos paralímpicos em Los Angeles 2028 porque a

Federação Internacional perdeu o prazo para inscrição do Paraskate.
Rio de Janeiro – Brasil
Date: 05/09/2022

DIOGO CASTELÃO

 


 


O QUE ACONTECE AGORA?

 

O Brasil corre atrás de estruturar esse cronograma, uma vez que os Jogos Olímpicos em Paris serão realizados em 2024, sobrando praticamente apenas o próximo ano (2023) para a corrida olímpica e a organização global do Skate Olímpico está comprometido.

Vale lembrar que a World Skate só realizou um evento classificatório para os Jogos de Paris até agora: o Pro Tour, em Roma, na Itália, voltado apenas para o Street, Até agora a World Skate não oficializou mais nenhuma outra competição para 2022.

Outra questão que fica prejudicada também é a do Paraskateboard, que perdeu o prazo para inscrever a modalidade para a inclusão nas Paralimpiadas de 2028 em Los Angeles (EUA).

A ABPSK (Associação Brasileira de Paraskate) divulgou nota nessa terça-feira, dia 7 de setembro, cobrando explicações da World Skate, uma vez que a entidade seria a responsável por essa inscrição do Paraskate nos Jogos em 2028.