REVOADA

O fotógrafo Fabio Bitão é figura fácil nos caminhos no centro velho de São Paulo, desde o fim dos anos 80. Com a renovação do cenário promovida pela prefeitura em 2020, Bitão teve que redescobrir algo que ele conhece muito bem. Revoada é uma releitura de uma novidade antiga. O parceiro e guia do centro Marcelo Formiga voa junto.

Bitão e Formiga

Fala do nome, Revoada.

É meio que o retorno do Formiga pro local de origem, a revoada dele é a de todos os skatistas, um recomeço mesmo. O nome veio do beat do DJ Gustah e Billy Billy.

Quando foi filmado?

Foi filmado em janeiro de 2021, em dois finais de semana de janeiro. O Formiga acabou voltando no último dia todas as manobras que queria que estivessem no vídeo. Depois filmei mais um dia, pra fazer uns takes de arquitetura e tal.

Como você viu esse “novo Vale”, sendo um cara que frequentou muito o projeto original?

Andei de skate, filmei e fotografei muito no Vale antigo, até os últimos dias, em 2019. Aí vieram as obras, a pandemia e me mudei pro interior, fiquei um tempão sem ir pro centro de novo. Aí comecei a filmar o Formiga ainda antes da abertura do Memorial. Não gostei de algumas coisas que foram retiradas, tiraram luminárias clássicas lá do centro. Não tem muito verde, faz falta, mas pra skate ficou muito bom. Surgiram novos cantinhos, vários caminhos novos. Só não anda de skate quem não quer.

Manobra é uma constante em seus vídeos, mesmo que eles sejam mais voltados pra poesia, fotografia.

Acaba sendo naturalmente poético pelo p/b, pela música. Mas manobra eu deixo em aberto, sempre esperando por coisas legais. Os skatistas que acabam querendo fazer algo mais difícil. Muitas vezes falo pros caras sobre outras manobras que já foram acertadas em determinado pico e aí sempre querem se superar. O Formiga se puxou bastante.

foto Fabio Bitão

Queria que me contasse um pouco da história desse retrato do Formiga, na São João molhada de fundo.

A gente chegava antes das 8h, nesse dia estava muito sol, o Formiga já tinha andado bastante, e ali perto do meio dia caiu aquela chuva típica de janeiro. Assim que parou, fiz a foto, com tudo muito vazio no fundo, um momento meio mágico mesmo.

E a escolha pelo preto e branco?

Aí tem a ver com o Cidade de Concreto, uma série de zines que fazia na volta de todas as viagens. Virou uma série de vídeos no meu canal, sempre eu fazendo imagens, edição, sempre chamando skatistas, músicos, artistas e sempre em preto e branco. Sem aquela bagunça de cores, o p/b deixa tudo mais homogêneo.

Formiga e Zikk Zira, zelando pelo centro

 

 

Marcelo Formiga, switch crooked