relato de Ademar Lucas

fotos Renê Jr.

Desde menor, toda vez que saia sozinho da minha cidade, estado, ou país para andar de skate, era tanta experiência maneira que eu chegava a ficar ansioso para voltar pra casa e compartilhar  todas as vivências com meus amigos e minha família. Às vezes, na semana em que eu tinha voltado de alguma viagem, eu ficava horas antes ou depois da sessão contando as histórias e atualizando a galera de como andava o mundo lá fora.

Através dos vídeos da Ademafia, eu passei a poder compartilhar essas experiências de uma forma ainda mais real e para muito mais gente, pessoas que na grande maioria eu nem conhecia pessoalmente. É pelas redes sociais e YouTube que minha mãe, a Dona Socorro, acompanha tudo, não deixa passar nada batido, me controla e, quando eu estou muito  tempo fora, vê se estou bem. Fora que todos esses registros agora estão armazenados e a qualquer momento eu posso acessar essas memórias.

Logo no início da Ademafia eu ouvi que uma empresa para se consolidar precisa superar os cinco anos de vida, que se passasse dali a chance de dar certo de verdade era muito maior. A cada aniversário comemorado eu olhava pro corre e imaginava como seria completar os cinco anos e confesso que quando fazia isso acaba ficando muito preocupado. Aquela ideia de que teria que segurar as pontas tanto tempo para ver no que daria todo aquele corre, me trouxe um uma certa ansiedade, mas foquei em fazer, fazer e fazer. Coloquei na cabeça que independente das minhas condições  financeiras e da estrutura da “empresa”, eu faria todo o possível para o trabalho ser feito da melhor forma e principalmente ter um impacto positivo na vida das pessoas.

 

Fazer sessões com meus camaradas, viajar para conhecer novos picos e ter contato com novas culturas sempre foi o que mais me encheu os olhos nesses quase vinte anos de skate. Na Ademafia, os conteúdos mais prazerosos e que tinham mais engajamento com o público vinham das viagens e das histórias de vida das pessoas. Então coloquei como meta fazer uma viagem marcante com meus amigos, uma que fosse ficar pra sempre na memória de quem fosse e de quem acompanhasse.

Aquilo ficou tão presente no meu subconsciente que um dia acordei eufórico, com aquela sensação boa de que algo de verdade aconteceu durante o sono, tipo quando a gente tem aqueles sonhos de que ganha algo de valor e acorda procurando embaixo do travesseiro, tá ligado? Mas no meu caso eu tinha visto várias pessoas que gosto muito rindo e andando de skate em um pico muito bom, com umas bordas extensas e chão liso. Depois de um tempinho tentando lembrar quem estava e onde era o pico… pulei da cama e liguei pro Escamoso, a pessoa mais presente no sonho, e falei:

 

–       Negão, tive um sonho! Te vi no MACBA! Vamos pra Barcelona!