Matheus Ferreira
21 anos, 12 anos de skate
Goiânia /GO
Patrocínios: SIMPLE SKATE / REMA BOARDHOUSE
Publicada originalmente na edição #218.
Texto e entrevista: Armen Pamboukdjian.
Fotos: Paulo Macedo
Com poucos morros e baixadas, característica típica da região do Planalto Central do Brasil, está localizada a cidade de Goiânia, planejada e construída a partir dos anos 1960 para ser a capital política e administrativa do estado de Goiás. Em sua arquitetura se destaca a influência pela Art Déco, que definiu a fisionomia dos primeiros edifícios da cidade.
E é de lá, da “Capital do Cerrado”, que vem Matheus Ferreira, skatista da nova geração e que tem atraído boas atenções com suas manobras de impacto aplicadas em picos desafiadores.
E elas podem ser conferidas em produções recentes como nos vídeos Missionários e A Rua É Nossa Casa.
Mesmo com toda a tradição do skate e bons skatistas surgidos em Goiânia, Brasília e região, Matheus está em busca de novos ares que tragam ainda mais oportunidades para a sua constante evolução em cima do carrinho.
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Como você enxerga a cena do skate em Goiânia e no Centro-Oeste?
Aqui existe uma variedade grande de picos novos e antigos pra filmar na rua. A cidade é muito grande. Mas por outro lado, na minha opinião existem algumas dificuldades de andar e viver do skate aqui. Sinto falta de videomakers e fotógrafos trabalhando ativamente, além de poucas marcas e loja de skatistas.
Então você está pensando em sair de lá? Você tem vindo bastante pra São Paulo (SP) nos últimos tempos.
Não estou morando em São Paulo ainda! Estou naquele corre de ir pra ficar um mês e filmar com o Luiz Felipe (Na Missão), ou ele vem pra cá e a gente filma, mas eu quero me mudar pra São Paulo, para poder filmar mais. Aí é onde está a maioria das oportunidades e eu vejo que preciso estar também em São Paulo para estar em contato com skate 24 horas por dia.
“Eu acredito que por ele ser de Goiânia, tem que fazer o corre dobrado! Lá tem pouquíssimas marcas, filmers, fotógrafos. E a gente sabe que em São Paulo é onde está quase tudo acontecendo, eles estão bem mais ativos, existem marcas que podem da um suporte melhor. Certamente, com esse nível de skate, ele terá uma visibilidade maior estando em São Paulo.” (Luis Felipe Ferreira).
Como sua família vê o “corre” no skate? Ela te apoia?
Minha família sempre me apoiou, desde quando comecei. Meu irmão mais novo, o Gabriel, também anda de skate.
Quando conheceu o skate, com quem e onde você costumava fazer as sessões?
No começo eu andava com meu irmão mais novo e com a galera da pista do Mutirama “Mult All Day”, que era uma toda feita de madeira, que ficava no parque onde meu pai trabalhava.
Ainda anda com eles?
Eu continuo andando, sim! Sempre que estou em Goiânia eu faço as sessões com eles.
Assistindo a sua mais recente vídeo parte (Missionários), dá pra notar que você filma poucas linhas. Não te agrada muito?
Cara, a verdade é que eu não curto muito filmar linhas em solo e em bordas! Eu penso assim: o mesmo tempo e energia que eu gasto pra filmar linhas, eu poderia descer um corrimão ou pular um gap, que pra mim é mais vantajoso.
De onde surgiu essa característica, esse estilo de skate?
Minha preferência por corrimãos e bordas altas surgiu depois que comecei a ver vídeos mais nessa pegada. Isso me influenciou bastante e ajudou muito a trabalhar esse estilo no meu skate.
Todos os corrimãos dessa matéria são em Brasília? Qual foi o mais difícil ou o que deu mais trabalho mentalmente?
A maioria deles é em Brasília. Mas teve um que deu mais trabalho, o corrimão azul. A gente chegou lá pra fazer um hardflip backside boardslide, e o Paulo (Macedo) me perguntou se eu sabia backside nosebluntslide. Eu falei que nunca tinha acertado essa manobra em um corrimão daquele, alto e com uma entrada ruim. Foi quando ele falou — “mas a foto vai ficar bem louca”. Eu abracei a ideia e comecei a tentar, foi uma batalha até acertar, mas o resultado está aí. Primeira vez que acertei ela na rua.
Como foi o trabalho com o Paulo Macedo pra essa matéria? Como foi a relação skatista x fotógrafo?
O tempo que passei com o Paulo foram bem tranquilos. Foram 20 dias fazendo as fotos. Eu sempre estou em sintonia com ele quando ele está em Brasília. Então acaba que, com essa afinidade, a sessão rende de qualquer forma, tanto com fotógrafo como videomaker.
Quais os seus planos para futuro próximo?
Meus próximos planos é lançar mais duas partes esse ano ou ano que vem. Um pelo NAMISSÃO SKATE e uma parte de VX pela SIMPLE SKATE. Depois disso quero ir pra Europa filmar por lá também.
Quer deixar uma mensagem final?
Queria agradecer prontamente a Deus e ao meu irmão Gabriel, foi por ele que eu vi o skate pela primeira vez, e aos meus parceiros da Mult All Day, que também sempre estiveram comigo desde o começo: Alex, Jhonny, Paulinho, Léo, e a todos que de alguma forma fortaleceram a caminhada. Agradeço a Simple Skate e a família Rema Boardhouse por estarem comigo no corre; e também a minha família!
*Art Déco
Art Déco é um termo de origem francesa que refere-se a um estilo artístico internacional mas que tem sua origem na Europa no começo do século XX, porém seu apogeu se deu na década de 20. O termo Art Déco nasceu da expressão arts decoratifs, e se afirmou nas artes visuais, nas artes aplicadas (design de interiores, mobiliário, etc.) no desenho industrial, na moda, no cinema e especialmente na arquitetura onde teve uma presença marcante. Na década de 30 espalhou-se pelos EUA e em outros países fora da Europa.
(Infoescola)