Edição 105

::CAPA::
Marcos Mamá, backside 180 flip numa double set em Porto Alegre (RS). Foto: Gaston Francisco.

:: Matérias Principais :: 

LÉO MENDES – Baiano sangue bom conquista seu espaço
Leonardo Ferreira Mendes
20 anos, 8 de skate
Patrocínios: Future, Red Nose, Diet e Sigilo

Texto Marcelo Viegas
Entrevista Marcelo Viegas, Guilherme Lima e Marcos Hiroshi
A atual fase do skate brasileiro tem como característica primordial o estreitamento das diferenças entre profissionais e amadores. Com a evolução constante das manobras, os amadores vêm ganhando destaque e empurrando o nível da categoria profissional. Servem, portanto, como fator de estímulo para os profissionais, cujo empenho e arsenal de novas manobras aumenta na exata medida da evolução sem precedentes dos amadores. Para se manter no topo é preciso “se coçar”, como diz o jargão popular. Léo Mendes é um desses amadores que botam lenha na fogueira e colaboram – quase sem querer – para o skate brasileiro ser cada vez mais forte.
Por outro lado, fica a dúvida quanto às condições materiais do mercado nacional: há estrutura para sustentar tantos bons atletas? É possível incorporar novos profissionais mantendo os mais experientes na ativa? Como criar estruturas que possibilitem sustentar todos em condições iguais e decentes?
Não cabe ao Léo resolver o impasse. Ele é um dos que cria esse impasse, e ainda bem que existam skatistas assim. Por enquanto ele segue como amador, mas não será para sempre. Mais cedo ou mais tarde o profissionalismo o aguarda, pois a qualidade do seu skate e sua evolução apontam para esse caminho.
Apesar do seu skate de alto nível, Léo não é skatista em tempo integral. Ele trabalha – “eu trabalho com meu tio, com conserva de tomate seco” -, e até pouco tempo atrás estudava também. Concluiu o ensino médio e agora tem uma preocupação a menos, mesmo assim sabe que poderia evoluir ainda mais caso pudesse se dedicar única e exclusivamente ao skate. “Você faz uma sessão pensando no que você vai fazer amanhã (no trabalho), é muito ruim. Você vai ficar se economizando, não vai ficar se jogando”. Se o cara anda tudo o que anda encanado em não se machucar e prejudicar seu trampo extra-skate, imaginem se ele não carregasse esse peso nas costas…

Leia matéria com Léo Mendes na íntegra com fotos na CemporcentoSKATE #105

Frame
O Frame desta edição traz 14 páginas com fotos dos skatistas Biano Bianchin, Mario Marques, Marcos Camazano, Mario Neto, Cris Fernandes, Danilo Diehl, Marcelo Marreco e Laurence Reali.

Os Dez Mandamentos para uma demo impecável 

É sempre bom ser surpreendido positivamente. Decisões tomadas na redação às vezes colidem com o feedback dos fotógrafos. O que era pra ser uma nota no site pode se transformar numa bela matéria para a revista, num simples clicar da câmera. Foi exatamente o que aconteceu nessa demo da Globe. Rendeu tanto que virou matéria. Rendeu tanto que virou referência para o que é uma demo nota dez. Por isso apresentamos para vocês…

Os Dez Mandamentos para uma demo impecável:

1. Um grupo eclético de skatistas, que atendam os mais diferentes estilos de skate e tenham em comum o alto nível;
2. Público empolgado, que incentive os skatistas e faça sua parte no espetáculo. Isso inclui mulheres bonitas;
3. Motorista gente fina e paciente, para aguentar a zueira;
4. Obstáculos de qualidade são ingredientes fundamentais;
5. Estrutura que funcione: som, organização, respeito ao horário pré-determinado, etc;
6. Locutor que saiba entreter o público e incentivar os skatistas. Taroba tem esses atributos;
7. Material promocional para distribuir ao público;
8. Interação com os skatistas locais para elevar o nível da demo;
9. Nada de corpo mole, mas suor, muito suor.
10. Levar o Xaparral.

O que: Global Assault no Vale do Paraíba.
Quando: dias 23 e 24 de setembro, 7 e 8 de outubro de 2006.
Onde: Pindamonhangaba, Lorena, São José dos Campos e Guararema (região do Vale do Paraíba/SP).
Quem: Rodrigo Menezes, Márcio Tarobinha, Rodolfo Gugu, Róbson Reco, Lucas Xaparral, Rafael Sevilha, Renê Shigueto e Pedrinho Guimarães.

Veja fotos e matéria completa dos Dez Mandamentos para uma demo impecável na CemporcentoSKATE #105

Nas ruas de São Paulo 
Texto por Marcelo Viegas e Fotos por Homero Nogueira

Quem mora em São Paulo tem uma relação de amor e ódio com a cidade. Todo paulistano vive de “saco cheio do caos, da criminalidade e do ritmo estressante”, mas não admite que falem mal de sua terra, de seu povo e de suas ruas. No caso dos skatistas, principalmente de suas RUAS. A arquitetura de Sampa, mesmo com suas imperfeições e proibições, ainda seduz streeteiros que buscam alternativas urbanas para escapar da mesmice das pistas. Seduz também os artistas, em especial os músicos, que já cantaram seu amor/ódio pela terra da garoa nas mais diferentes épocas e formas. Algumas dessas canções serviram de trilha-sonora para esses skatistas-artistas, que fazem uso do espaço urbano de maneira única. Alexandre Tizil, Rogério Mancha, Paulo Piquet, Leandro Mosca e David Toledo são fiéis devotos da arquitetura paulistana e declaram em coro: “São Paulo não te troco por qualquer outro lugar!”.

Veja fotos e leia matéria na íntegra das Nas ruas de São Paulo na CemporcentoSKATE #105

Dois Pontos: André Hiena
Texto por Alexandre Vianna
Ponto de vista firme, como uma muralha. Dedicação e persistência única, como um samurai. Quem já olhou firme nos olhos do skatista profissional André Hiena sabe que ele não veio ao mundo para brincadeira. Nem pro mundo do skate e nem pra nenhum outro. Com os pés na lixa é um dos skatistas de street mais atuantes, não deixando o peso dos 32 anos de idade fazerem efeito. Fora da lixa é um batalhador para ver o skate no Brasil em um patamar que todos nós sonhamos. Morador do bairro Bosque da Saúde, em São Paulo, estava na inauguração da pista Maria Maluf, conhecida como pista da Saúde, e transformou aquele espaço na sua segunda casa. Hiena, com seus amigos Beto, Axé, Bixeira, construíram novos obstáculos e reformaram a pista ao longo dos anos. Foram vários dias mexendo massa e carregando tijolos como ladrões que carregam barras de ouro. Fizeram a história com as próprias mãos, literalmente, transformando a pista da Saúde em uma referência do Skate nacional. Hiena passou para profissional em 96 e tem orgulho de dizer que poderia ter ido fazer carreira nos EUA e não foi. “Nunca quis ir pra fora, sempre me preocupei com o mercado daqui”. Fazer o skatista brasileiro dar certo no seu próprio país é o seu sonho, mesmo que isso custe muito. E Hiena, diferente da maioria, arregaça as mangas, faz acontecer. Firme como uma muralha, persistente como um samurai.

Nome: André Ervolino Ribeiro
Nascimento: 24 de março de 1974
Tempo de skate: desde 1988
Onde nasceu e onde mora: São Paulo – Zona Sul
Patrocínios: Snoway,Vegetal / Apoio: Link

Leia íntegra da matéria com André Hiena na CemporcentoSKATE #105, já nas bancas.

Christie Aleixo – “Longboard de atitude”
Por Evelyn Leine
29 anos, 8 de Longboard
Grajaú – Rio de Janeiro

“Se eu pudesse hoje em dia só compraria mais tempo pra andar de skate”.

Muitos nomes definiriam facilmente a evolução na história do skate de ladeira, mas muitos não tiveram parte da iniciativa que a carioca Christie Aleixo teve. Ela literalmente se jogou, aprendeu manobras olhando em vídeos independentes raríssimos, desenvolveu suas próprias técnicas, participou de uma etapa do mundial de esportes de gravidade e organizou um campeonato em Brasília que serviria de referência para muitos organizadores de evento. Foi precursora do Longboard Feminino no Rio e Brasília. Junto com outros amigos organizou o Clube da Ladeira do Rio de Janeiro e deu entrada recentemente ao Bolsa Atleta, recurso disponibilizado pelo Governo Federal. Tudo isso apenas esse ano. Quer mais motivos pra garota ser considerada referência no skate nacional?

Sua história começa no street, influenciada pelo irmão, aos 14 anos de idade. Demorou alguns anos até que fosse apresentada ao Longboard, que definia exatamente o que ela procurava: “Como eu não tive uma experiência muito positiva com o surf, que era o que fazia meus olhos brilharem, consegui suprir com o skate longboard a falta de mar”. Foi amor à segunda vista, até que aos 21 anos, dois após ser mãe, começasse sua longa jornada na ladeira. “Eu ia pras Paineiras aqui no Rio e me largava literalmente na ladeira, sem técnica alguma, nem sabia o que era slide. Todo mundo se largava, ninguém possuía técnica, mas sim muita coragem”.

Leia matéria completa com Christie Aleixo na CemporcentoSKATE #105, já nas bancas.

Amplitude Auditiva – Móveis Coloniais de Acaju 
“Uma mistura de ska, rock, música brasileira e ritmos do leste europeu”

Por Evelyn Leine
Quando a banda é boa, a melhor divulgação que existe é aquela básica do “boca a boca”. Primeiro, o que impressiona é o nome: Móveis Coloniais de Acaju. Mas será possível? Depois vem a resposta com o show: dez caras num palco tocando uma mistureba bem bolada de ska, rock, música brasileira e ritmos que vem do leste europeu, algo que eles mesmos definem como “uma verdadeira feijoada búlgara”.

No show ninguém fica parado. Até o mais sério dos fulanos presente amolece com o agito e a incrível presença de palco dos caras, que dançam freneticamente suas próprias canções. Um dos momentos mais aguardados por quem já conhece a performance da banda é a música “copacabana”, quando eles descem ao público para realizar a já famosa “roda”, num ritual coletivo inspirado em uma dança judaica, onde a banda é ovacionada por um círculo de pessoas que ficam girando de acordo com o ritmo da música.

Leia matéria com Móveis Coloniais de Acaju na CemporcentoSKATE #105, já nas bancas.

PORTFOLIO – Tinico Rosa
Ao longo dessa edição da CemporcentoSKATE um skatista gaúcho deixou suas marcas. Rabiscos e ilustrações que costuram as matérias até chegar aqui, formando esse Portfolio diferenciado. Finalmente entenderemos a história toda, nas palavras de seu amigo, Pexão.

Edinilson Rosa Soares “Tinico”
27 anos, 17 de skate
São Paulo (SP)

Com 10 anos de idade o porto-alegrense Edinilson “Tinico” Rosa conheceu Joka e, graças a ele, entrou em contato com o skate e toda uma subcultura, com sua própria arte, música e maneira de fazer as coisas, sem depender de ninguém. Daí pra frente tudo aconteceu muito rápido e fica difícil separar uma coisa da outra, mas tentarei, em poucas linhas, dar uma idéia da trajetória desse artista.

Leia matéria com Tinico Rosa na CemporcentoSKATE #105, já nas bancas.

Folheie esta edição na íntegra, clique aqui!

DANDO IDÉIA – “Razão e Emoção”
Por Douglas Prieto

Todo mundo sabe como é cansativo assistir ao skatista “robô” andando. Programado para executar manobras friamente, ele deixa de lado estilo, criatividade e em alguns casos até velocidade em prol da precisão. Desnecessário dizer, vive no alto do pódio, tem bons patrocínios e grande destaque na mídia. Talvez seja dele que o mercado precise. Mas talvez só o mercado.

O que se perde nesse processo é fundamental no skate: emoção. Aquela sensação de apreensão, de risco, da incerteza do que irá acontecer. A dúvida inquietante acerca do que será tentado. A previsibilidade estraga tudo isso. No futebol, é previsível que uma equipe tente o gol. É o objetivo do jogo. Não há objetivos no skate. Há uma subjetividade que o aproxima da arte, não do esporte comum. Quem sai de casa pra uma session com os amigos, pra ver uma demonstração ou um campeonato, quer trazer de volta uma lembrança marcante, uma imagem motivadora, um acontecimento único.

Leia Dando Idéia completo de Douglas Prieto na CemporcentoSKATE #105, já nas bancas.

Depto Sequencial: Manual em palco inclinado por Everton Tutu 
Uma das características do skate moderno é a readaptação de manobras velhas, ou – como no caso desse Depto Sequencial – a ampliação de uma manobra clássica, o manual. Isso tem explicação: o street skate possui essa inventividade natural, que surge de acordo com os novos desafios que as ruas fornecem. É chato repetir a mesma manobra dezenas de vezes no mesmo lugar, então que tal improvisar e, dessa forma, poder usar picos de rua que antes pareciam sem grande utilidade? Assim nasceu o manual em palco inclinado, uma variação criativa de uma manobra básica.

Pen Probag
Desta vez o skatista profissional Fabio Pen que fala sobre os produtos que usa e depois sorteia para você, leitor.

Fiksperto
DVD: Botinada – “A origem do Punk no Brasil”
Livro: “Bagdá, o skatista”

Ouvidos Atentos
– Band of a Friend: Sem título
– Primeira Audição: “A primeira audição é a que fica”
– Death Cab For Cutie: “Plans”
– Kongo: “Tem que ser agora”
– Oxford Collapse: “Remember the night parties”

Espaço Amador
Rômulo Rocha Dias: São Paulo (SP); Danilo Bahia: Lauro de Freitas (BA); Henrique Eduardo: São Paulo (SP); William Nutrinho: Curitiba (PR); Ricardo Santos: Praia Grande (SP)

Encerrando em Grande Estilo
Diego Fioresi, hard heelflip em uma triple set da cidade de Jundiaí (SP).