Revista 100% Skate – Edição 97 – Abril de 2006
::CAPA::
Rodolfo Ramos, o Gugu, transfer nosebluntslide neste conhecido pico da Argentina. Foto: Gaston Francisco
:: Matérias Principais ::
No Foco: Rafael Felix “Finha”
24 anos, 12 de skate
Patrocínios: Black Sheep, Nike SB e Nail
São Paulo (SP)
Texto por Cauê Muraro
Rafael Felix, apelido Finha, fez o caminho inverso. Skatistas das mais variadas locações do território nacional tomam o rumo de São Paulo em busca de melhores oportunidades no skate. Enquanto isso, o paulistano Finha deixou a cidade, e o destino não poderia ser mais improvável: Manaus. Ele decidiu passar um ano vivendo na capital do Amazonas. Entre o início e o final de 2002. Atitude de coragem.
Finha não partiu para Manaus com o propósito exato de melhorar sua situação como skatista. Na época da mudança, ele tinha oito anos andando de skate, estava sem patrocínio nem emprego. A situação em São Paulo não era fácil, a mãe tinha dificuldades para ajudá-lo a se manter comprando peças, etc. Faltavam condições. Então uma viagem de férias no final de 2001 para visitar o tio que morava – e ainda mora – em Manaus deu rumo novo às coisas. “O irmão do meu pai trabalhava na fábrica da Monark de lá, e eu já tinha ido em 1997, pra conhecer. Gostei pra caramba. Depois, voltei no final de 2001, fiquei só um mês”. Nestes trinta dias Finha conheceu alguns dos skatistas mais influentes da cidade, como Adonis Perfeito, Vitor Sagaz, Cabecinha, andou bastante naquele que é considerado o principal pico local, a Praça do Congresso, e chegou a correr um campeonato. Fez boas amizades.
Leia o No Foco com Rafael Felix na íntegra com fotos dos na 100%SKATE # 97
No Foco: Thyago Ribeiro
20 anos, oito de skate
Patrocínios: Clean Shoes, Supersônica, Daehonna, Surf Brazil Boardstore e Fuska Obstáculos
São Paulo (SP)
Quando você foi para os EUA?
Eu fui pra lá em março de 2004 e fiquei até setembro do mesmo ano. Fui por causa da experiência, todo mundo tem o sonho de ir pra “gringa” e andar de skate. Cheguei lá e consegui a casa de uns amigos pra ficar, do Rodrigo Lima [skatista de Curitiba (PR) que passou para profissional nos EUA em 2005], fiquei dois meses na casa dele. Depois, fui morar com o Adelmo Juninho e com o Lucio Mosquito [profissionais de Aracaju que atualmente vivem nos EUA]. Fiquei em Costa Mesa [na Califórnia], é onde a maioria dos brasileiros está.
Qual a impressão você teve dessa estadia em outro país?
Lá, você nota que a cultura deles [dos americanos] de andar de skate é diferente da daqui do Brasil. O pessoal lá anda mais pra filmagem, foto, e aqui no Brasil a galera meio que treina bastante pra campeonato – não que isso não seja importante [campeonatos], mas é diferente. E aí, chega lá, você começa a andar no ritmo também. Antes, eu não andava tanto na rua assim; hoje em dia, depois que voltei, já ando bem mais [na rua] que antigamente. E eu tinha a cultura do Brasil, só treinava pra campeonato, falava: “Eu só tenho que andar de skate pra ganhar campeonato”, aí fui pra lá e já abri minha cabeça de que tenho que andar na rua também.
Leia o No Foco com Thyago Ribeiro na íntegra com fotos dos na 100%SKATE # 97
Qix World Contest
Qix Skate Park, Novo Hamburgo (RS) – 27 a 29 de janeiro
O termo vem da música: jam session. Uma jam session era uma reunião informal de músicos, jazzistas, que tocavam sem botar os olhos em partituras, não tinham roteiro estabelecido, nem a obrigação de extrair esta ou aquela nota de seus instrumentos. Faziam do improviso a ordem. Não havia compromisso em agradar o público ou viabilizar comercialmente o resultado da experiência. Os músicos diziam que aquilo era um exercício não apenas de criatividade, mas de liberdade.
Pois é justamente o termo – jam session -, surgido décadas antes de o skate ser “inventado”, que ficará na memória dos que estiveram dentro da Qix Skate Park, em Novo Hamburgo, Rio Grande do Sul, Brasil, no final de semana dos dias 27, 28 e 29 de janeiro. Foi naquela arena que aconteceu o Qix World Contest 2006, evento que abriu o circuito mundial WCS (World Cup of Skateboarding) de street deste ano. Com certeza, o campeonato de maior nível já realizado em território nacional na modalidade que simula os obstáculos de rua. Desde sempre.
No Qix World Contest 2006, o formato de disputa adotado a partir da fase quartas-de-final foi exatamente o jam session, e isso permitiu aos skatistas apresentarem um skate de elevado padrão, como nunca antes visto numa competição por aqui. No skate, jam session é um sistema em que os competidores não têm a preocupação de fazer apenas uma volta de 60 segundos. Eles são separados em baterias, como de costume, mas os integrantes de uma determinada bateria entram na pista ao mesmo tempo. E então eles podem andar livremente, tentar as manobras difíceis dentro de um tempo estabelecido. Os juízes avaliam os melhores desempenhos e manobras, erros não contam contra o skatista, importa é ser ousado.
Leia matéria na íntegra com fotos do Qix World Contest na 100%SKATE # 97
Frame
Confira belas fotos com Cris Fernandes, Tiago Picomano, Leandro Moska, Diego Chaveirinho, Paulo Galera e Willian Dentinho.
:: Seções ::
Dois Pontos: Jorge Medeiros
Jorge Medeiros é nome de maior projeção do skate da Bahia. Profissional há um tempo razoável, ele alcançou tal condição graças, principalmente, a seu bom nível técnico. E, de um ano e meio para cá, também por estar ligado a um outro lado do esporte. Jorge é professor de skate, atualmente ministra aulas na pista pública de Madre de Deus, município próximo à sua Salvador natal. O envolvimento com a “alfabetização” no esporte é coisa séria. Ele faz faculdade de educação física, se forma no fim de 2006. Conta que dar aulas é mais que prática de ensino; diz que também aprende, evolui. Seu sonho – ou
“fissura”, como prefere – é trabalhar com preparação física. No skate. Porque Jorge Medeiros, ao tratar o skate (também) como esporte que é, mostra uma vontade de expandir sempre sua ligação com o mundo de shapes, rodas e eixos.
Nome: Jorge Medeiros.
Nascimento: 23/04/1978.
Onde nasceu e onde mora: Salvador (BA).
Patrocínio: Armazem Skateshop, FTC (Faculdade de Tecnologia e Ciências) e Clínica Bios.
Primeiro skate: shape Cush, trucks Pro Life, rodas Mosca.
Leia íntegra da matéria com Jorge Medeiros na 100%SKATE #97, já nas bancas.
100%SKATE Girls: Tatiane Marques
Sete anos de skate
Patrocínio: Snow GirlSão Bernardo do Campo (SP)
Tatiane Marques é nome velho na história do skate. São aproximadamente sete anos de história, de muita história. Durante muito tempo Tati, como é mais conhecida a vice-presidente da ABSFE (Associação Brasileira de Skate Feminino), ajudou a tornar mais conhecida a sua cidade São Bernardo do Campo (SP), no ABC paulista, por ter sido praticamente a “única” skatista de lá. Ela serviu, e ainda serve, de referência, um dos nomes mais influentes na cena do skate. Lembrar-se dela é conseqüentemente lembrar de skate, mas não é apenas isso que a resume: “Apesar de ter a minha vida entrelaçada com o skate, eu não sou só skate”. Então, (quase) nada de skate por uma matéria.
“Pensar demais é um dos meus melhores problemas.”
Leia entrevista com Tatiane Marques na 100%SKATE #97, já nas bancas.
Depto. Seqüencial
Overall: Roll in Frontside e Backside por Daniel Kim
Fiksperto
Red Bull Batalha no Forte
Umbigo da Bahia. Foi assim que o escritor Jorge Amado apelidou o Forte São Marcelo, na cidade de Salvador, Bahia. A construção do Forte foi estratégica, em 1650, para defender o Brasil da invasão dos Holandeses. Porque não uma competição de skate no meio deste umbigo? A beleza do lugar, associado ao inusitado, são peças que formam uma imagem maravilhosa. E assim foi.
A RedBull promoveu a Batalha no Forte, uma competição de street profissional que rolou entre os dias 3 e 4 de fevereiro, estratégica, como a própria concepção do Forte. 30 skatistas foram convidados para fazer o que mais gostam, andar de skate sob o sol forte, numa cenografia sem igual, com canhões e barris fundindo-se a pista e ao ambiente.
Wagner Ramos e Rodrigo Gerdal Vencem desafio de skate e ollie em altura
(Texto por Paulo Bassi e fotos por Renato Custodio)
No dia 18 de fevereiro, um sábado, a galeria onde funciona a Maze Skate Shop, em São Paulo (SP), abriu espaço para a realização do Globe Ollie e S.K.A.T.E Challenge, evento promovido pela Maze Skate Shop em conjunto com a Globe Shoes, marca de tênis australiana que estava em turnê pelo Brasil com dois de seus skatistas: o canadense Paul Machnau e o jovem colombiano David Gonzales, de 15 anos de idade. O encarregado do som foi o DJ Keefing, e ainda foram distribuídos tênis autografados pelos gringos.
Amplitude Auditiva: Color TV
“Porque o lado certo pode ser o errado. Ou o errado pode ser o certo”
(Texto por Cauê Muraro e foto por atilla chopa)
A página do Color TV no site MySpace.com (espécie de Orkut da música) entrega/assume: “Pode soar estranho começar algo às avessas, ao contrário, do final para o começo (…), mas foi assim que tudo aconteceu no caso do Color TV: resolvi compor e gravar algo do qual gostasse de ouvir e chamei alguém que admirava pra me acompanhar”. Basicamente, está aqui o perfil, a carta de apresentação. Palavras de autoria de Gabriel “Bill” Debia, músico-vocalista-guitarrista-compositor-autor-da-idéia que resultou nesta
banda de São Paulo (SP), zona norte mais precisamente. Que resultou, segundo comentários que vão surgindo aqui e ali, num dos mais interessantes registros de nossa música rock independente dos tempos atuais.
Conheça mais sobre o Color TV na 100%SKATE #97, já nas bancas.
Portfolio
Ciro Bicudo
23 anos, 16 de skate e sete de arte
Piracicaba (SP)
Ciro Bicudo aceitou o desafio de descrever com suas próprias palavras a sua arte. “Acho que mistura um pouco de tudo, gosto de sempre tentar deixar os trabalhos finos, mais ou menos como se fossem jóias. Gosto de simplicidade, talvez diria que esse é meu estilo de arte”. E enumera influências: Van Gogh e Monet, cânones da dita grande arte; Evan Hecox, Os Gêmeos, Farofa, Flavio Samelo e Felipe Motta vêm do “mundo real”, habitado pelo próprio Bicudo. Ele diz que o skate lhe mostrou quase que tudo de arte, “que o bom gosto não era só dos estudiosos”.
Conheça mais sobre o Ciro Bicudo na 100%SKATE #97, já nas bancas.
Fabio Cristiano Probag
Desta vez o skatista profissional Fabio Cristiano que fala sobre os produtos que usa e depois sorteia para você, leitor.
Espaço Amador
Patrick Vidal – Canoas (RS), Ricardo Tutu- São Paulo (SP) e Samuel Salva – São Paulo (SP).
Dando Idéia: “O Segredo do Lab”
Por Alexandre Vianna
A imagem de um cientista descabelado, segurando um tubo de ensaio, com uma poção borbulhante, me veio a cabeça. Um personagem. Na minha frente estava um convite com as palavras “laboratório secreto”. Aquele momento deu vida a minha imaginação. Algo impensável alguns anos atrás estava acontecendo. As mídias especializadas em skate, ao redor do mundo, tinham sido convidadas a viajar até a sede da Nike nos EUA, em Beverton, Oregon, para conhecer o seu laboratório, onde foi desenvolvido o novo modelo para skate. O Zoom Tree. Não era a introdução de tecnologia no skate a grande surpresa, afinal, estamos acompanhando desde os anos 70, do século passado, cientistas malucos
inventando rodas de poliuretano, shapes mais leves, eixos mais precisos, revestimentos inovadores para rampas e etc. A tecnologia sempre foi necessária para impulsionar as manobras na história do skate.
Leia este Dando Idéia completo com Alexandre Vianna na 100%SKATE #97.
Folheie a edição, abaixo: