Edição 98

 

Revista 100% Skate edição 98 – Maio de 2006.

::CAPA::
Biano Bianchin com um extenso frontside rockslide, ganha sua quarta e merecida capa da 100%SKATE. (SP). Foto: Homero Nogueira

:: Matérias Principais :: 

No Foco: Vanderlei Faria de Oliveira Junior “Arame”

18 anos, dez de skate

Patrocínios: Reef, Superia e Wave Wizard

Santo André (SP)

Vanderlei Faria de Oliveira Junior ganhou o apelido assim: “Ia ter um aniversário da minha mãe em São Bernardo, e umas amigas dela que eu não gostava iam lá. Na época, meu pai queimou uns pneus de uma perua velha lá em casa, e dentro do pneu vi um monte de arame. Aí catei e dei um nó. Bem na frente de casa [onde seria comemorado o aniversário], tinha um portão com uns pés de bananeira, e não tinha muita iluminação. Aí pensei em fazer uma armadilha, pensei: “Pelo menos umas três eu derrubo”. Amarrei os arames nas bananeiras e passei em frente ao portão, cercando. Aí, cavei uns buracos e coloquei umas folhas de bananeira em cima. Na hora que as mulheres foram entrar, vixi, truta, sei que uma torceu o pé e a outra cortou a perna. Chegaram todas junto falando “vamos lá na festa”, rindo, mas na hora que todo mundo começou a cair meu pai ficou doido. “Já sei quem foi, foi o filho da mãe do Vanderlei!” Ele começou a gritar: “Arame, Arame, Arame! Vou te pegar, seu safado!”. Saí pra rua correndo e até hoje ficou o apelido de “Arame”. Pegou”.

O breve relato explica tudo. Ou melhor: quase tudo. O resto da história e das estórias desse skatista amador que tem uma habilidade impressionante para andar de skate e fazer rir está na entrevista que se segue.

Como você começou a andar de skate?

Estava em cima da laje da minha casa em Santo André soltando pipa (eu moro numa descida) e vi uns caras descendo [a rua], fazendo downhill, cinco caras. Aí falei: “Nossa, que da hora, os caras vêm a milhão”. Eu tinha uma bike da hora, aí intimei um camarada da rua de baixo no rolo. O moleque falou: “Demorou, vamos fazer”. O skate era zoadão, a bike era boa, de marcha. Levei o “bonde”, mas tá firmeza. Se eu vendesse a bike, dava pra comprar um skate melhor, mas valeu a pena, porque eu gostava mais de skate do que da bicicleta.

Leia o No Foco com Vanderlei Arame na íntegra com fotos dos na 100%SKATE # 98

No Foco: Marcelo Gomes Marreco

29 anos, 12 anos de skate

Patrocínios: Shipments, Cisco e Maha

Curitiba (PR)

O curitibano Marcelo Marreco tem pouco tempo de profissional. Este 2006 é seu segundo ano na categoria. Se trata, porém, de uma informação que tem um lado enganoso. Porque Marreco começou no skate há muito tempo, em 1990. Porque a história de Marreco com o skate divide se em duas: a primeira teve curta duração, foi até 1993; a segunda vem de 2000 até os dias de hoje. Interrompeu a primeira etapa quando já era um amador relativamente conhecido em sua região, estava se envolvendo em campeonatos. Parou, ficou seis anos afastado. Voltou como desconhecido, teve de (re)começar quase do zero. E encarou o desafio. Os detalhes desse caminho, ele conta na entrevista que se segue.

Quando começou a andar de skate?

Em 1990. O “Nescau” [um skatista conhecido em Curitiba] morava perto de casa e me incentivava a andar, me levava para os campeonatos. Ele viu que eu andava bem e começou a me levar para andar no Sindicate, antiga pista da Psico Street, em frente ao Shooping Miller [em Curitiba (PR)]. Comecei a correr os campeonatos e entrei na marca Tom Brasil, até que em 1993 teve um campeonato, lançamento de uma marca em Blumenau [no vizinho Estado de Santa Catarina]. O Tarobinha e o Urina [skatistas profissionais já renomados na primeira metade da década de 1990] eram juízes. Eu passei pra final e fui brincar depois da minha volta; acabei fraturando o braço e não pude correr a final. Voltei pra casa com o braço engessado, e como minha mãe tinha muito cuidado comigo ela ficou com medo e me fez parar de andar de skate por um tempo. Não critico. Eu tinha 15 anos, ela se importava comigo e não queria me ver machucado. Fiquei de 94 até 2000 meio parado, andava só de vez em quando.

Leia o No Foco com Marcelo Marreco na íntegra com fotos dos na 100%SKATE # 98

São Paulo do Skate: O maior projeto social já realizado com Skate no Brasil

Por Guilherme Lima

Implantado em novembro do ano passado, o projeto São Paulo do Skate é destinado a capacitar jovens entre 16 e 29 anos em profissões ligadas ao skate. São 60 skatistas contratados, 21 núcleos em mais de dez cidades. A meta de atingir seis mil jovens durante o ano de 2006

A história: como tudo começou

Não aconteceu do dia para a noite. O projeto São Paulo do Skate é continuação de iniciativas anteriores que foram dando certo. O início de tudo foi em 2003, no Circuito Municipal de Skate, um circuito amador de inscrição gratuita promovido pela prefeitura de São Paulo. O objetivo era atender a todo skatista que tivesse interesse em participar de um campeonato e não tinha grana para a inscrição. Uma competição acessível para um jovem que sonha em participar do universo do skate, mas nem sempre tem condições.

Leia matéria na íntegra com fotos do São Paulo do Skate na 100%SKATE # 98

Por que Piolho voltou para o Brasil?

Por Alexandre Vianna

Carlos de Andrade, o Piolho, tomou uma importante decisão em sua vida: voltou a morar no Brasil após nove anos na Califórnia, EUA, fazendo carreira como skatista profissional. Enquanto morava lá, realizando o sonho de ser um dos principais nomes do skate internacional de street, Piolho nunca deixou de saber que o Brasil era o seu país. Seu coração estava aqui, e sua idéia era voltar com 30 anos de idade. Mas o mercado de skate americano passou por uma fase turbulenta e de mudanças significativas em 2005.

Os principais patrocinadores do skatista brasileiro, World Industries e Etnies, não renovaram seu contrato. Piolho poderia ter buscado outras oportunidades por lá, mas a vontade de voltar a morar no Brasil, com seu pai e sua mãe, e continuar sua carreira em território nacional foi mais fortes. “Vi que o mercado de skate no Brasil estava melhor do que quando eu saí, e isso me motivou. Ainda não dá para comparar com o americano, mas melhorou muito.”

Leia matéria na íntegra com fotos de Piolho na 100%SKATE # 98

Frame

Confira belas fotos com Jefferson Bill, Leo Mendes, Walace Belo, Bruno Zóio, Leo Giacon, Diego Correa, Denis Silva, Roni Carlos, Felipe Ortiz, Rodrigo Maizena, Esteban Florio, Elton Melônio e Diego Oliveira.

:: Seções :: 

Dois Pontos: Rogério Mancha 

Mancha tem uma longa história para contar. Seus 20 anos andando de skate foram intensos, impulsionados pela vontade de evoluir nas manobras. Sempre andando, tanto em street quanto vertical, Mancha foi um dos primeiros brasileiros a dominar o switchstance, no inicio dos anos 1990, década em que ele fez uma carreira profissional de respeito. Em 2000, foi morar no EUA, onde passou por três anos após ser convidado a integrar a equipe City Stars e Stamina. Lá, se tornou parte do crew Terror Squad, os caras que andavam bem de skate mas não tinham model de shape profissional. Fase muito boa. Em 2003, depois de a marca americana fechar as portas, Mancha voltou ao Brasil. Aprendeu muito com sua experiência, e hoje está andando de skate com a mesma motivação de quando começou. “Estou reinventando minha forma de andar de skate. Parar não é possível, porque ainda falta muita manobra para eu acertar.” Confira o que tem a dizer um skatista com muita bagagem.

Nome: Rogério Soares Mañosa.

Nascimento: 16/05/1976.

Tempo de skate: neste ano, faço vinte anos de skate.

Onde nasceu e onde mora: São Paulo, capital.

Primeiro skate: nossa, como lembro dele, roda de plástico, bilha e compensado. Meu pai comprou pensando que eu ia desistir. Depois desse, ele teve que comprar vários.

Leia íntegra da matéria com Rogério Mancha na 100%SKATE #98, já nas bancas.

100%SKATE Girls: Dulcinéia, a Néia

Dulcinéia Severo Gaio “Néia”

18 anos, três de skate

Patrocínio Traxart

Carapicuíba (SP)

Por Evelyn Leine Gargiulo

Foi ali na plataforma do meio dos trens do metrô Barra Funda, em São Paulo (SP), que a Néia contou sobre a sua história no skate. Na verdade, sua discrição é tão grande que até o namorado dela, o amador Silas Ribeiro, ajudou na hora da entrevista “Fala também que você pinta, Néia”, disse ele. “É, eu desenho, sim. Invento umas coisas lá em casa…”.

Carapicuíba (SP), onde Néia mora, não é a cidade mais conhecida por possuir grande número de meninas que andam. Na verdade, se pode dizer que a Néia é a única que pratica de verdade: “Ando mais em Barueri [cidade vizinha], tem mais pistas, mais lugares. Em Carapicuíba só tem uma pista meio zuada e duas escolas. E Barueri tem mais meninas, às vezes cansa andar só com meninos”.

Mas esses meninos não são qualquer um. Além do namorado, Néia tem dois irmãos também skatistas. Amador, feminino e iniciante, essa é a ordem da influência lá na casa dela. Quando o mais velho, Diego “Korn”, começou, ela também começou. E o mais novo, David, foi atrás. “Hoje, em casa todo mundo anda, vamos todos juntos pros campeonatos”, ela afirma.

Leia entrevista com Néia na 100%SKATE #98, já nas bancas.

Depto. Seqüencial 

Street: Backside 180 Flip por Carlos Yellow

Fiksperto

Helga Simões: Um ano de Skate Paradise

Foto e entrevista por Alexandre Vianna

Helga Fioravante Simões foi picada pelo mosquito. Se contaminou e agora faz parte desse grande grupo de pessoas doentes por skate. Aos 44 anos de idade, tem dois filhos. O mais velho é Mateus, 12 anos, já vive também o universo de skate há dois, acompanhando a mãe. O segundo filho, vamos lá, acaba de completar um ano, e esta matéria é justamente em homenagem ao seu primeiro aniversário. Ele se chama Skate Paradise, e é uma revista eletrônica quinzenal dedicada exclusivamente ao skate transmitida pelo canal TV a cabo ESPN Brasil. Não tem dois braços e duas pernas, mas tem cabeça e coração. Uma criação da qual Helga tem muito orgulho. Confira abaixo a entrevista com a editora chefe do Skate Paradise, que, apesar de não ser praticante de skate, garante que está mesmo contaminada: “O Skate está dentro de mim”.

Neste mês de março, o skate brasileiro comemora uma conquista: manter, durante um ano, um programa de skate na televisão. Qual sua ligação com skate? 

Eu entrei na ESPN Brasil na virada de 2000 para 2001, pra fazer “esportes radicais”. A primeira matéria que gravei não foi de skate, mas, quando fiz, foi paixão à primeira vista. Fiquei com uma curiosidade imensa para saber o que tinha neste esporte que fazia as pessoas tão apaixonadas por ele. Que diabo tem por trás disso? Daí, aos pouco, fui entrando nesse universo. Com o tempo fui picada pelo bichinho. Eu já tinha editado algumas matérias com skate e já tinha visto que era um esporte diferente dos outros, mas não sabia o porquê ou como.

Leia entrevista completa com Helga na 100%SKATE #98, já nas bancas.

A preservação de um patrimônio histórico do skate nacional

George Rotatori é um idealista. Arquiteto, skatista e sonhador, não seria exagero dizer que ele é o Oscar Niemeyer do skate. Os dois, cada um no seu universo, projetam perfeitas curvas. Recentemente, a prefeitura de São Bernardo do Campo (SP) resolveu reconstruir a histórica pista de skate do paço municipal. Destruir tudo e construir novamente seria perder as transições que marcaram momentos importantes da história do skate no Brasil. Então, se levantou a idéia de que era preciso preservar aquele patrimônio histórico do skate nacional. Para falar deste assunto, ninguém melhor que o próprio Rotatori, que está à frente deste movimento como o responsável pela reconstrução da “pista velha” de São Bernardo e do tri banks sem que sejam perdidas as características originais da área. George que guarda dentro da carteira, há seis anos, uma foto sua andando de skate na pista velha no ano de 1982, num campeonato que marcou sua memória. Tem muito significado. “Hoje, mais do que nunca, precisamos correr para não perder verdadeiros monumentos do skate”.

Respeito e preservação

“A história do skate, escrita nas linhas de carving de pistas antigas, merece nosso respeito. Hoje, mais do que nunca, precisamos correr para não perder verdadeiros monumentos do skate. Quantas pistas vimos serem enterradas?… São Caetano do Sul, Wave Cat, Wave Park, entre tantas outras. A necessidade de pistas novas não deve implicar em reforma seguida de descaracterização de pistas consideradas patrimônio de preservação. Quando existe necessidade de pistas novas, se deve escolher novos terrenos e conservar as antigas.

Como conservar, o que torna uma pista com este conceito e quais técnicas a serem utilizadas é matéria desta seção. E abaixo você vai encontrar informações para abrir uma discussão que está apenas começando. Mas precisamos agir rápido, antes de vermos enterrada nossa história.”

Conheça mais sobre o “A preservação de um patrimônio histórico do skate nacional” na 100%SKATE #97, já nas bancas.

SHAPEARTE usa shape como tela

Se o skate é (também) arte, isso está um pouco mais claro desde a noite de 26 de março de 2006, com a abertura da exposição SHAPEARTE, no Studio SP, espaço cultural localizado na Vila Madalena, em São Paulo (SP). A iniciativa é resultado de uma parceria entre a 100%SKATE e o próprio espaço. Se para os praticantes sempre foi, e é, clara a conexão entre o skate e a arte, são poucas as iniciativas de mostrar ao público em geral o quanto se cruzam os caminhos dessas duas “expressões”. SHAPEARTE nasceu para reforçar essa conexão. A idéia por trás do projeto pioneiro era a seguinte: 40 artistas foram convidados a criar intervenções em shapes. A liberdade de criação era total, não foi relacionado um tema ou proposta específica. A única exigência era que o shape, a madeira, lhes servisse de meio, tela. A escolha dos interventores foi eclética : de Guto Lacaz a Juneca, de Pink Wainer a Boleta.

Amplitude Auditiva: Simples

Foto por Atilla Chopa

Texto por Cauê Muraro

Escuta aí Escuta Aí. “Simples, é rap só Simples, e nada mais Simples, é rap só Simples, nada de mais Simples…” Esta é a letra da introdução, da faixa que abre as atividades de Escuta Aí, disco de estréia do grupo paulistano de rap Simples. (A previsão é que o álbum esteja disponível no início de maio.) O trecho citado entre aspas resume bem a proposta do quinteto formado pelos MCs Kamau, Rick e Stephanie, pelo DJ Will e por Diego Beat Box. São palavras comuns, elas se repetem; nada complicado. Aparentemente. Com a levada, a repetição de “Simples” cria, também, um jogo de palavras, confusão interessante. A idéia do grupo é “descomplicar” o rap a partir de elementos básicos: DJ, MC e beat box. Por trás disso, está um disco inventivo, trabalho de pessoas conscientes do lugar aonde querem chegar. Leia, a seguir, trechos de uma conversa da qual participaram Rick, Kamau e Will. Escuta aí Escuta Aí.

A formação do grupo se completou no final de 2004. Entre o nascimento do Simples e a gravação do disco, que começou em abril de 2005, qual a trajetória de vocês?

Rick: Começou eu e o Kamau, a gente tinha uma música pronta, que era só minha e dele. Aí, a gente convidou o resto dos moleques: o Willian, depois veio a Stephanie e o último a entrar foi o Diego. No começo, o Kamau tinha um outro projeto, o Conseqüência, e dava prioridade pra isso. Era prioridade até minha, porque eu ajudava nos shows. Depois que o Conseqüência deu uma parada, a gente começou a pensar mesmo em gravar o disco do Simples.

Antes chamarem os outros integrantes, havia uma idéia clara do que era o Simples? O que mudou quando eles chegaram?

Rick: Quando era só eu e o Kamau, acho que faltava alguma coisa pra gente se tornar um grupo sério. O Willian era um moleque que tinha a ver com a gente, a única coisa que me preocupava era o lance de ele ser mais novo. Aí, a Stephanie apareceu. Ela já tinha uma letra pra fazer com o Marcus e, quando ela apareceu, falei: “Vixi… Essa tem que ficar com a gente, tem que correr junto”. Porque eu não conhecia (não conheço até hoje) uma mina que rime tão bem, que escreva tão bem e que tenha tanto a ver com a gente. Não é só uma mulher no grupo. É uma mina que canta muito, que não perde em nada pra ninguém do grupo.

Leia entrevista com Simples na 100%SKATE #98, já nas bancas.

Portfolio: Tiago Moraes

29 anos, 20 de skate

São Paulo (SP)

Tiago Moraes cresceu freqüentando vernissages e exposições. A “culpa” é de uma tia, dona de uma galeria. Sua história com arte começou cedo. Ainda na infância, apareceu o skate, ele tinha nove anos de idade, 1985. Ficava fascinado com os gráficos das marcas da época: Powell Peralta Vision, Santa Cruz… “Lembro também que a gente ficava fazendo arte na lixa com aquelas canetas prateadas e spray.” E não parou por aí. Em 1997, Tiago criou a marca Agacê. Passou, então, a desenhar com mais freqüência, a fazer logos e gráficos para shapes e camisetas. (Dois anos depois ele faria uma segunda marca, a Recap, para qual também desenvolveu trabalhos de arte e design.)

Conheça mais sobre o Tiago Moraes na 100%SKATE #97, já nas bancas.

Danilo Dandi Probag

Desta vez o skatista profissional Danilo Dandi que fala sobre os produtos que usa e depois sorteia para você, leitor.

Espaço Amador

Smaily Di Léllis : Lorena (SP), Dario Serutti: Mauá (SP) e Felipe Cesar: Paulista (PE).

Folheie a revista, abaixo: